25.2.11

Body Electric II

O que me cura, o que me adoece, o que me falta, o que me mata, o que me ataca, o que me repele, o que me excita, o que me deseja, o que me atrai, o que me afasta, o que me sufoca, o que me dói, o que me grita, o que me persegue, o que me abre, o que me fecha, o que me hipnotiza, o que me ama, o que me odeia, o que me emudece, o que me salva, o que me atiça, o que me eleva, o que me rebaixa, o que me esquenta é a mesma coisa que me esfria. Seus carinhos através de seus olhares.

21.2.11

Body Electric


Recebo seus carinhos com incertezas. Devo retribuir? Está carente? Gosta de mim? Mil dúvidas invadem minha mente, dúvidas ativadas na fricção de seus dedos macios. Fico inerte apesar do corpo elétrico. Estas a afagar um morto apesar de minha face estar levemente corada. Por que suas mãos quentes não conseguem aquecer minhas mãos tão frias há muito tão vazias? Sentimentos a flor da pela exalam, provocam e hipnotizam. Mas minha força é signo falso. Acovardado eu recuo para dentro da caverna inabitável. “E se o corpo não basta completamente tanto quanto a alma?” Ainda não sei se sou miserável por ser sozinho ou se sou sozinho por ser miserável... Não me conheço nada... Chego mais perto e vejo a silhueta de um monstro silencioso.

12.2.11

A Ilusão Viaja Comigo



As pessoas me questionam por que eu não dirijo. Por que dentro de uma grande metrópole, o que seria prático, seguro e conveniente eu não tenho um carro? Simplesmente digo que não tenho vontade de dirigir. Minto. Eles duvidam e logo começam a contar de como eles também já tiveram medo da direção e como conseguiram superar. Os falsos modestos até dizem que se eles que são eles conseguiram, por que eu que sou eu não conseguiria? Dou um riso sem graça. O medo não tenho. Motivos financeiros talvez me impeçam de ter um carro e até uma motocicleta, mas não me impedem de me tornar um motorista. Não dou essa resposta e sigo adiante. As pessoas não entenderiam meu principal motivo. A idéia de uma rotina por qualquer que fosse sempre me perseguiu. E ter uma ferramenta que te possibilita uma falsa idéia de liberdade me faz sentir-me descontrolado. Desagrada-me usar uma máquina tão poderosa, mesmo que seja um poder forjado e ilusório, para ir de uma prisão para outra. Gostaria de pegar uma estrada, ir para lugares que nunca estive, pisar em solos novos e de sentir o que a publicidade sempre apresentou: a sensação de liberdade, um ideal mágico de cruzar fronteiras na garupa de uma moto. A simplicidade de não estar no mesmo lugar sempre. Ir e voltar não me apetece. Quero apenas ir. Para qualquer lugar, para qualquer rua. O carro que não quero pilotar e a direção que não quero controlar apenas me distanciam da ilusão da liberdade. Mesmo com quilômetros rodados ainda estaria preso. Ainda seria eu mesmo. Sigo então a pé, com a música como amiga. Sigo então de transporte coletivo, com diversas companhias diárias. Sigo então deitado, com minhas ilusões dentro de sonhos estranhos e magníficos.

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