Anteriormente em Season Finale...
Quantas estrelas se apagaram nos últimos 10 anos? Quantas estrelas se apagaram desde que olhei o céu pela última vez?
Há 10 anos entrei numa caverna. Convivi com monstros e fantasmas só para depois de muito tempo perceber que eram reflexos infinitos de uma solidão que não parecia ter fim. Pois então, estava sozinho nesta caverna. E a cada temporada que passava, mais eu me aprofundava no labirinto que eu mesmo criei. Nem lembrava mais da existência das estrelas. Apenas fitava o teto rochoso e escuro que me observava também.
E nos últimos 2 anos perdi um pedaço da vida. Não da minha própria, mas de alguém que sempre esteve do lado de fora. E foi preciso essa perda para eu perceber que eu realmente tinha perdido muito mais que um pedaço. Finalmente estava desaparecendo por completo.
E comecei a derreter. Gota a gota a caverna foi se completando. Soterrado em mim mesmo, sem fôlego e sem forças, fechei meus olhos e quando abri já não estava mais na caverna. A saída sem saída não se revelou com luz ou mensagens para seguir adiante. Eu agora estava num quarto escuro. No breu, tateando por um caminho desconhecido sem saber o que era chão, degrau, parede, eu avançava sem parar. Guiado apenas pelas batidas do meu coração.
Queria experimentar e conhecer.
E conheci. Conheci você, que me quis como eu sou. Mas sou incrédulo e sonhador. Depois te desconheci. Na esperança, o gostar reduz. Na frustração, o gostar acaba. E você se foi. E a saída da caverna é lenta. Nada ainda.
Eu sou o meu outro. Sou meu reflexo. Existo a partir das minhas experiências. Parece que existe algo que pode se desdobrar em minha mente. Que ainda pode me marcar. Mais profundamente. Basta existir para ser completo.
E finalmente a saída. E o lado de fora era algo que eu só ouvia pela boca dos outros e não acreditava. Eu era o lado de fora. Saí em mim mesmo. Um dentro do outro, do lado de fora. As possibilidades são infinitas e finalmente vivo o meu empirismo, meu hedonismo e minha adaptação. Um lobo selvagem avançou para cima de mim, se transformou em energia azul e entrou no meu peito. A forma como me enxergo é o jeito como também olho pro mundo.
Um vento fraco se transforma em ventania e assume a forma de uma tempestade à luz fraca e quieta durante um milagre perfeito. A minha realidade com um sabor que parece mel. E ao mesmo tempo que dura um nada eterno, eu sinto os toques, os cheiros, os sabores, os sentidos de uma dança rápida e lenta de alguém que conhecia e dos alguéns que vou conhecer. Se da primeira vez eu senti demais, da segunda, espero sentir o dobro. Sentir como eu sou. Um grande delírio sem a necessidade de febre, uma dança sem coreografia e sem protocolos.
Enquanto o mundo pega fogo lá fora, eu por dentro sou o coro dos pássaros ao amanhecer deslumbrado com a quantidade de estrelas que ainda existem e maravilhado pela luz das que se foram.
Continua...
Só o empirismo e a necessidade salvam! Adaptação. Sempre.
31.12.19
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Anteriormente
-
►
2004
(60)
- ► março 2004 (4)
- ► abril 2004 (8)
- ► junho 2004 (5)
- ► julho 2004 (4)
- ► agosto 2004 (5)
- ► setembro 2004 (4)
- ► outubro 2004 (4)
- ► novembro 2004 (10)
- ► dezembro 2004 (9)
-
►
2005
(50)
- ► janeiro 2005 (3)
- ► fevereiro 2005 (8)
- ► março 2005 (4)
- ► abril 2005 (5)
- ► junho 2005 (4)
- ► julho 2005 (3)
- ► agosto 2005 (4)
- ► setembro 2005 (3)
- ► outubro 2005 (3)
- ► novembro 2005 (2)
- ► dezembro 2005 (5)
-
►
2006
(40)
- ► janeiro 2006 (3)
- ► fevereiro 2006 (3)
- ► março 2006 (5)
- ► abril 2006 (2)
- ► junho 2006 (3)
- ► julho 2006 (3)
- ► agosto 2006 (4)
- ► setembro 2006 (5)
- ► outubro 2006 (2)
- ► novembro 2006 (4)
- ► dezembro 2006 (2)
-
►
2007
(45)
- ► janeiro 2007 (4)
- ► fevereiro 2007 (6)
- ► março 2007 (2)
- ► abril 2007 (4)
- ► junho 2007 (3)
- ► julho 2007 (4)
- ► agosto 2007 (6)
- ► setembro 2007 (3)
- ► outubro 2007 (1)
- ► novembro 2007 (3)
- ► dezembro 2007 (2)
-
►
2008
(36)
- ► janeiro 2008 (3)
- ► fevereiro 2008 (3)
- ► março 2008 (7)
- ► abril 2008 (4)
- ► junho 2008 (3)
- ► julho 2008 (3)
- ► agosto 2008 (2)
- ► setembro 2008 (2)
- ► novembro 2008 (2)
- ► dezembro 2008 (3)
-
►
2009
(31)
- ► janeiro 2009 (6)
- ► fevereiro 2009 (8)
- ► março 2009 (2)
- ► abril 2009 (3)
- ► junho 2009 (1)
- ► julho 2009 (1)
- ► agosto 2009 (2)
- ► setembro 2009 (1)
- ► novembro 2009 (4)
- ► dezembro 2009 (2)
-
►
2010
(12)
- ► janeiro 2010 (1)
- ► fevereiro 2010 (2)
- ► março 2010 (3)
- ► abril 2010 (1)
- ► junho 2010 (1)
- ► julho 2010 (2)
- ► novembro 2010 (1)
- ► dezembro 2010 (1)
-
►
2011
(13)
- ► janeiro 2011 (1)
- ► fevereiro 2011 (3)
- ► março 2011 (2)
- ► junho 2011 (1)
- ► julho 2011 (1)
- ► novembro 2011 (1)
- ► dezembro 2011 (2)
-
►
2012
(23)
- ► janeiro 2012 (2)
- ► fevereiro 2012 (2)
- ► março 2012 (2)
- ► junho 2012 (2)
- ► julho 2012 (1)
- ► agosto 2012 (3)
- ► setembro 2012 (3)
- ► outubro 2012 (1)
- ► novembro 2012 (2)
- ► dezembro 2012 (2)
-
►
2013
(24)
- ► janeiro 2013 (1)
- ► março 2013 (5)
- ► abril 2013 (4)
- ► junho 2013 (4)
- ► agosto 2013 (1)
- ► setembro 2013 (1)
- ► novembro 2013 (6)
- ► dezembro 2013 (2)
-
►
2014
(12)
- ► janeiro 2014 (2)
- ► fevereiro 2014 (2)
- ► março 2014 (2)
- ► abril 2014 (1)
- ► junho 2014 (3)
- ► julho 2014 (1)
- ► dezembro 2014 (1)
-
►
2015
(3)
- ► janeiro 2015 (1)
- ► dezembro 2015 (1)
-
►
2016
(5)
- ► janeiro 2016 (1)
- ► setembro 2016 (2)
- ► dezembro 2016 (1)
-
►
2017
(3)
- ► julho 2017 (1)
- ► agosto 2017 (1)
- ► dezembro 2017 (1)
-
►
2018
(3)
- ► fevereiro 2018 (1)
- ► outubro 2018 (1)
- ► dezembro 2018 (1)
-
▼
2019
(12)
- ► março 2019 (3)
- ► abril 2019 (1)
- ► junho 2019 (2)
- ► agosto 2019 (1)
-
►
2020
(1)
- ► dezembro 2020 (1)
-
►
2021
(1)
- ► setembro 2021 (1)
-
►
2022
(1)
- ► julho 2022 (1)
-
►
2023
(2)
- ► junho 2023 (1)
- ► agosto 2023 (1)
-
►
2024
(1)
- ► fevereiro 2024 (1)
Nenhum comentário:
Postar um comentário