Museu de NY expõe design útil para favelas
BBC
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Entre os cerca de 30 objetos expostos, estão o LifeStraw, uma espécie de canudo que purifica a água
Em plena 5ª Avenida, símbolo de riqueza em Nova York, um museu de design expõe em seu jardim criações para um público-alvo que passa longe das mansões históricas e butiques de luxo que caracterizam a avenida nova-iorquina.
A mostra "Design for the other" 90%, no Museu de Design Nacional Cooper-Hewitt, propõe-se a apresentar soluções criadas por designers profissionais para as mais de 5 bilhões de pessoas no mundo (90% da população total do planeta) que não têm acesso a uma infra-estrutura básica de vida. São, por exemplo, moradores de rua e de favelas, ou refugiados.
A exibição, sob curadoria de Cynthia E. Smith, é dividida em seis seções - água, abrigo, saúde e saneamento, educação, energia e transporte.
Entre os cerca de 30 objetos expostos, estão o LifeStraw, uma espécie de canudo que purifica a água, a Big Boda Load Carrying Bicycle, bicicleta que consegue suportar uma carga pesada, e móveis construídos com destroços do furacão Katrina, que atingiu Nova Orleans em 2005.
No site da internet criado para a exposição, um morador de Burundi, na África, já demonstrava interesse na bicicleta, pedindo informações de preços. "Ao mostrar o trabalho de designers que usam suas habilidades e capacidade de invenção para produzir soluções arquitetônicas e de design que realmente afetam problemas de qualidade de vida, o Cooper-Hewitt vai alertar para a necessidade de um design humanitário", disse o diretor do museu, Paul Warwick Thompson.
Criação brasileira
No jardim do museu estão expostos alguns exemplos de abrigos, como o Global Village Shelters, usado como uma casa ou um posto de saúde temporário, e o Mad Housers Huts, construídos por voluntários para moradores de rua.
Mas Ellen Posner, crítica do "Wall Street Journal", aponta dois problemas com essas criações. Em relação ao abrigo Mad Housers Huts, ela escreveu em artigo recente que "parece algo em que você não colocaria nem o seu cachorro para viver".Já o Global Village Shelters, é, segundo ela, "desconfortavelmente quente mesmo em um dia frio de primavera". A crítica elogia outra criação que não está exposta, mas foi incluída no catálogo de 144 páginas da mostra. É o Inclusive Edge Canopy, criado pela Associação de Arquitetônica de Londres em cooperação com a Universidade Federal de Recife.Trata-se de uma cobertura de lycra, sobre cabos de aço, que cria uma ampla sombra. Um objeto útil e visualmente agradável, segundo Posner.
"Está de acordo, para moradores de favelas no Brasil ou um assentamento de colonos, com a mesma necessidade de estética de qualquer outra pessoa", escreveu a crítica.Embora considere a exposição "bem-intencionada", David Stairs, diretor da ONG Designers Without Borders, escreveu no site "Design Observer" que muitas das criações apresentadas na mostra têm utilidade questionável ou não são tão acessíveis.Ele cita o exemplo do projeto Um Laptop por Criança, incluído na mostra. O projeto de Nicholas Negroponte, do Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT, na sigla em inglês), tem como objetivo produzir computadores de US$ 100 para crianças.
"Ignore o fato de que o preço subiu para US$ 195 ou que o pedido mínimo de US$ 250 mil deve ser feito primeiro, colocando o computador fora de alcance de qualquer organização menor do que a Oxfam", disse Stairs.A mostra Design for the other 90% está aberta ao público até 23 de setembro.