27.3.13

Carinhos invisíveis

Por que estou assim? Por que estou assim? Por dentro sinto um frio. Coração gelado, esôfago estremecendo. Sensação de queda. As vezes queria me entender. Pálpebras cansadas, sono, muito sono. Ansiedade também. Pernas inquietas mesmo deitado. Pés balançando. Sinto falta de carinho. Dar e receber. Nunca me senti assim antes. Estranho. Mas bom. Mais ou menos. Não tenho com quem treinar estes carinhos. Tenho dois braços para te abraçar, te segurar e te prender. O que mais faço com dois braços? Tenho duas mãos para te acariciar quatro vezes. Te acariciar no seu rosto, nuca, na lateral do seu corpo mesmo sobre sua blusa, deslizar quatro vezes minhas mãos levemente tremidas pelo seu ombro até a ponta dos seus dedos. Duas mãos para segurar suas duas mãos. Duas mãos para te puxar contra mim. Vinte dedos para se entrelaçarem. Duas pernas para andar ao seu lado. Uma boca para te beijar. Dois olhos para te observar rapidamente para não parecer estranho. Dois segundos para contar quantas pintinhas tem no seu rosto. Três segundos para ver você mordendo os lábios de nervoso. Dois olhos para passear pelo seu corpo. Um coração. Os carinhos não doem mais como antes. Só sinto a falta deles quando não te toco. Quando não estou ao seu lado. Ergo a minha mão esperançosa para poder tocar na sua. Venha me abraçar. O que dura apenas segundos carrego comigo durante um dia. Sensação impregnada no meu corpo. Você impulsiona minha imaginação pervertida para horizontes jamais explorados. Você me deixou carinhoso e nem sabe disso. Não recebo seus carinhos e você não recebe os meus. Somente carinhos invisíveis. Apenas em pensamentos quando encaro o teto escuro durante a noite. Sua assombração paira sobre mim. Seu fantasma não me deixa. Você visita os meus sonhos e nada acontece. Mal consigo lembrar disso até te ver novamente.

25.3.13

Sonho Sonho

Não lembro muito dos sonhos, mas foi um dentro do outro:

No decorrer de uma história (não me lembro do começo), três meninas revelam seus sonhos. Uma sonhava em voar igual a sininho, a outra não me recordo e a terceira sonhava em se suicidar da Torre Eiffel. Esta terceira realiza. Percebo no sonho que sou as três meninas. Tenho a sensação de cair.

De repente desperto e estou tomando banho. Um rosto demoníaco me assusta pela cortina do chuveiro. Ele quer entrar e anda como um sonâmbulo. Eu o empurro, afastando o e sinto a textura da cortina. Me lembro disso. Chego a machuca-lo e o banheiro fica na sala. Muitas pessoas chegam e evitam uma briga mais seria. Com as luzes acesas eu reconheço todos, principalmente o invasor. Ele é um grande amigo meu, mas somente no sonho. Realmente não o conheço.

Daqui pra frente tudo fica estranho pois minha mãe me acorda enquanto eu ainda tento voltar aos sonhos.

21.3.13

Um apêndice emocional

Costumo enjoar rapidamente das coisas, pessoas ou situações. E eu acho que cansei de ficar sozinho. Já são 25 anos assim. Tenho a sensação de estar disposto a ter uma companhia, mesmo que talvez temporária. Como vão me perceber nas sombras? A luz ofusca minha vista e me confunde. Me deixa desestabilizado.

A solidão ainda faz parte de mim. Não é só um estado de espirito. É um estado permanente.

 Mas a vontade que eu tenho é a de continuar a conversar com as pessoas que eu convivo - criar uma espécie de vínculo a parte, um apêndice emocional. Gostaria de continuar com elas e as ter em companhia em lugares que conheço.

 Gostaria que alguém me levasse para passear.

 Mas ainda estou inerte. Nem desisto e nem tento agora... Tanto faz.

18.3.13

Um segredo

Cansei de deixar só reservado a mim este tipo de segredo. Uma vez na vida eu teria que contar a alguém. A alguém envolvido. A alguém que eu mesmo envolvi e por ela fui envolvido. Contra nossa própria vontade, claro. Eu estou gostando de você. Pronto. Mas não se preocupe, antes da sua pena existir já existia minha vergonha. Sem remorsos. Fique tranquila que não contarei a ninguém, talvez somente para M., pois guardo seus segredos também. Também não se preocupe em como agir, em breve isso terá acabado, como todos os meus outros segredos deste tipo. Faço uma viagem logo mais e poderei pensar em outras coisas e talvez mais pessoas. Não espere mudanças repentinas de tratamento. Consigo camuflar qualquer sentimento verdadeiro e transparecer um falso.

Pronto. Estou mais leve agora.

“The true man wants two things: danger and play. For that reason he wants woman love, as the most dangerous plaything.” — Nietzsche

8.3.13

Diário de um enfermo

08 de fevereiro

Eu gosto mas n estou apaixonado. Não é como antes. Quero saber tudo sobre essa pessoa, quero passar mais tempo com ela mas não preciso tocá-la...

 08 de março

Nossa, como odeio me apaixonar! (Mesmo que levemente). Prefiro estar gripado!

Sempre que começo a me apaixonar eu começo a me automedicar. Seja com fluoxetina, pensamentos infrutíferos ou Bataille – de qualquer forma pareço querer me curar.

 E pela primeira vez dessas paixões estou me analisando condicionalmente: realmente acho que as paixões deste tipo sejam como doenças? Talvez sim: me contagia, muda minha rotina, me desestabiliza, me transforma, como um vírus, um parasita, me desfoca do que prestava atenção antes. Sonho com isso.

 E sempre tento (e consigo) me curar, de uma forma ou de outra. Acredito que nada irá vingar, nada será realizado. Nunca.

 A “cura” parte de mim e o vírus nunca sabe quando o doente está enfermo.

Anteriormente