26.8.06

The Wainwright Family

Como discussões num jantar de Ação de Graças se tornam belas canções.



O pai


Loudon Wainwright III

Nascido em 1946 na Carolina do Norte, começou a cantar e compor músicas folk após ter visto Bob Dylan num festival em 1962.Não é muito famoso, mas é respeitado.Atuou no seriado M*A*S*H* e compôs a música Dead Skunk, seu hit mais conhecido.
Casou-se com a cantora e compositora canadense Kate McGarrigle, tiveram um casal: Rufus Wainwright e Martha Wainwright.
Divorciaram-se quando Rufus completou três anos.
Desde então continua a gravar álbuns e participar de filmes e seriados, como em O Aviador, de Martin Scorsese e Peixe Grande, de Tim Burton.

A mãe

Kate McGarrigle

Nasceu no Canadá em 1946.Cantora e compositora folk junto com sua irmã Anna, e logo criaram uma dupla.Lançou vários álbuns, sem seu devido reconhecimento.

O Filho

Rufus Wainwright

Nasceu em 1973 em Nova York.
Começou a aprender piano com seis anos de idade, com treze anos já participava de tours com sua irmã Martha, sua mãe e sua tia na banda “The McGarrigle Sisters ans Family”.
Estudo em Montreal na faculdade Piano Clássico e Rock.
Em 1999, numa entrevista a revista Rolling Stone, saiu do armário.Disse que seu pai sabia que ele era gay quando ainda era muito jovem.”Estávamos passeando de carro, quando no rádio começou a tocar ‘Heart of Glass’ da banda Blondie.Ai comecei a dublar a música, fora isso, diversos outros sinais.”
Disse depois que seus pais nunca aceitaram realmente ele como gay e que nunca conversaram sobre o assunto.
Com catorze anos foi estuprado num parque em Londres, depois de pegar um cara num bar.
Com medo de ter contraído AIDS se tornou celibato durante sete anos após o incidente.
Depois, numa entrevista disse que pensou que ia ser um passeio romântico no parque, assistir a um show que acontecia no local, mas depois o cara o estuprou, o roubou e tentou estrangular Rufus, que fingiu ser epilético para escapar do ataque.
Fixou-se em Montreal em 1998, onde gravou várias fitas demo que foram parar nas mãos de um executivo da Dreamworks, onde assinou contrato e gravou o álbum ‘Rufus Wainwright’.
Aclamado pela crítica e por artistas, gravou mais um álbum ‘Poses’ (lançado em 2001), mais uma vez bem elogiado.
No começo dos anos 2000, se viciou em ‘cristal’, entre outras drogas.Depois de uma semana surreal onde festejou com Bárbara Bush (a filha do presidente), participou de seriados e teve alucinações com seu pai, resolveu pedir ajuda.Elton John o convenceu a se internar numa clínica, período que sairia com grandes canções sobre a reabilitação que resultaria no ótimo álbum ‘Want One’.
Em 2004 lançou seu mais recente álbum o excelente ‘Want Two’.
Os temas de suas canções são dos mais diversos: desde sua família (como em “Little Sister” e “Dinner at Eight”,essa ultima sobre uma discussão com seu pai); seus vícios (como na sutil “Cigarrettes and Chocolate Milk” e “Go and go ahead”); política e religião (nas “Wainting for a Dream” e “Gay Messiah”) e até sobre o cinismo do amor (como na excelente “The One You Love”, “The Art Teacher” e na que compôs especialmente para o filme “O Segredo de Brokeback Mountain”, “The Maker Makes”).
Participou de diversos álbuns de consagrados artistas, em especial no último álbum da banda Antonny and the Johnsons, na musica “What can I do ?”.
Antonny participa do Want Two na música “Old Whore’s Diet”.
Seu próximo álbum sai em 2007.


A Filha

Martha Wainwright

Nascida em 1976 no Canadá.
Estudou arte dramática na faculdade e sempre fazia “backing vocal” nas musicas do irmão mais velho, Rufus.
Influenciada pela vida insegura, à sombra do irmão e pela ausência do pai, começou a compor musicas fortes e tristes, sempre no som do folk-pop moderno.
Lançou seu primeiro álbum intitulado Martha Wainwright em abril de 2005.
Martha sabia que seu álbum ia ser julgado porque seu pai foi considerado o “novo Bob Dylan” e seu irmão “o melhor compositor do planeta”, de acordo com Elton John.
Sua relação com seu pai não é das melhores.Às vezes introduz seu maior hit “Bloody Motherfucker Asshole” nos shows dizendo: “Essa é uma música sobre meu pai”.
Que segundo ela, seu pai ao invés de criar seus filhos, escrevia canções sobre eles.
Um exemplo disso é a música “Lullaby” (Canção de Ninar em inglês), que Loudon repete no refrão “Cale a boca e vá dormir”.
Martha também participa de álbuns de outros artistas, como na excelente música “Set the fire to the third bar”, da banda inglesa Snow Patrol.

19.8.06

Falsa Felicidade

Ok.Tá tudo bem.Nunca estive tão feliz.
Ou a palavra é despreocupado ?
Fui dispensado do exército, o dinheiro está ok, o emprego também.

Mas será que não é tudo uma falsidade ?
Já me acostumei a ser quase-feliz ?
Ou ainda não comprei a minha ?

Estou acostumado com a ausência dos amigos.
Minha mãe ainda me proibe de fazer coisas, tais como sair ou tentar
um curso novo.Já estou acostumado.
Me acostumei com o pessoal do trabalho,
tanto alguns funcionários, como quase todos os clientes.
Me acostumei também a ir do trabalho para casa, sempre nessa rotina, e o mundo lá fora, só me esperando.Ficaria até preocupado se eu não estivesse "feliz".

Hoje tive um pesadelo.
Nele tinha 19 anos.
Ainda pedia permissão para tudo, sempre de cabeça baixa.
Num momento fui visitar minha tia, que morava num casarão antigo, mas moderno por dentro, com o ex-marido dela e 3 cachorros filhotes exageradamente peludos.
Na saída da casa, uma pequena bomba queimou o rosto do meu pai(drinho).
Entramos no carro para caçar o mendigo que soltou a bomba.
No caminho, as pessoas num barzinho qualquer riam.
Acordei e fui pro trabalho.

Pensei nesse post quando estava no ônibus, pensando em como estava feliz e que como tudo nunca esteve tão certinho.
Ai pensei nessa falsa felicidade.

A Vida, de Picasso

"O que é a felicidade ? - A sensação de que o poder cresce, de que uma resistência foi vencida."
Nietzsche

7.8.06

Dispensado

Fui dispensado do exército.

Uma vergonha, horrível se alistar obrigatoriamente num país democrático.
Mas fazer o que né ?
É Brasil.

No exame médico, disse que tinha asma e fui logo dispensado.
A bunda mole também ajudou.
Pago R$2,18 nos Correios e juro a bandeira em outubro.
Com vergonha, mas juro.


2.8.06

Woody Allen

Uns acham que ele é genial.
Outros acham que ele é um diretor pretensioso que se casou com a enteada e faz filmes chatos.
Eu o considero um diretor que fez filmes geniais e também algumas porcarias, falando abertamente sobre a vida, o amor e do medo (ou graça) da morte.Na maioria dos seus filmes atua como personagem principal, que faz sempre o cara perdedor, feio, intelectual, que sofre com seus amores, família e vida em Nova York, às vezes fazendo anos de terapia, mas seus próprios amores dão respostas (ou mais perguntas) para suas dúvidas, seguidas de tramas sempre diferentes e originais, engraçadas e emocionantes, passando por filmes de época, ficção cientifica e musicais chatos.

Segue abaixo, alguns dos filmes de Woody Allen que assisti recentemente.

Tudo que você sempre quis saber sobre sexo*
*Mas tinha medo de perguntar
(Everything You Always Wanted To Know About Sex * But Where Afraid to Ask, 1972)

Nesse filme, Woody Allen responde algumas perguntas sobre sexo, como por exemplo: sodomia, travesties, afrodisíacos e ejaculação.
Um filme muito engraçado, com recursos interessantes, juntando era medieval e seqüências de dentro do nosso corpo.Um bom divertimento.

O Dorminhoco (Sleeper, 1973)

Woody Allen é o jazzista (jazz é uma de suas paixões pessoais) que é congelado e acorda 200 anos no futuro.Algumas sacadas bem bacanas, mas só.É um filme arrastado, um pastelão bobo.Os fãs do diretor considera esse um dos seus melhores.

A Última Noite de Boris Grushenko (Love and Death, 1975)

Boris (mais uma vez Woody Allen) vai a guerra para impressionar Sonja (Diane Keaton), por quem está apaixonado.Depois da guerra os dois se casam e resolvem assassinar Napoleão Bonaparte.Woody Allen acerta nessa comédia dramática misturando história com sacadas modernas, gafes imperdíveis e filosofia humorada.”Pense na morte como um jeito de se livrar de suas despesas”.Ótimo!

Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (Annie Hall, 1977)

Excelente.Woody Allen aqui reflete sobre sua paixão intensa e dúvidas existenciais com Diane Keaton (com quem teve um affair).
Repleto de cenas e diálogos antológicos, como na cena da fila no cinema e no pensamento inicial: “Não entraria para um clube que me aceitaria como sócio”.

Interiores (Interiors, 1978)

Woody agora não participa do filme e parte para o drama.
E consegue uma grandeza.
Todo o elenco está excelente num drama sobre comportamento humano, onde Eve é abandonada por seu marido e o frio relacionamento entre suas três filhas é exposto.Intenso.

Manhattan (idem, 1979)

O filme mais pessoal de Woody Allen, que continua numa linha dramática, com toque de humor.Em preto e branco, aplica sobre Manhattan um charme superior, fazendo como se a ilha fosse mais uma personagem, observando Woody que namora uma adolescente e se apaixona pela namorada de seu melhor amigo.Excelente.
Uma rapsódia em Nova York.

Sonhos Eróticos de Uma Noite de Verão (A Midsummer Night’s Sex Comedy, 1982)

Mais uma vez, Woody estrela essa comédia dramática, agora com a presença da excelente Mia Farrow, num filme repleto de sentimentos, alguns expostos outros escondidos, numa região campestre, na virada do século, para comemorar o casamento de um filosofo.Colocando a tona sentimentos remoídos e ardentes.Muito bom.

Zelig (idem, 1983)

Um “documentário” onde Woody Allen é um homem que ao ver uma pessoa, ganha as mesmas características físicas e de personalidade e acaba encontrando diversas pessoas famosas.
Uma ótima comédia surreal e original!

A Rosa Púrpura do Cairo (The Purple Rose of Cairo, 1985)

Mia Farrow é Cecília, uma mulher maltratada pelo marido rabugento que foge para o cinema, onde pode sonhar e ter alguns minutos de felicidade.Até que se apaixona por um ator, e o mesmo, de dentro da tela, se apaixona por ela, que acaba saindo da tela, criando um alvoroço total.Surreal e muito bonito, Allen acerta novamente.

Hannah e Suas Irmãs (Hanna and Her Sisters, 1986)

Esse filme é perfeito, desde as excelentes atuações até a direção.
Outra comédia dramática excelente, protagonizada Mia Farrow a irmã bem sucedida, dentre as confusas Lee (Bárbara Hershey) e Holly (Diane Keaton).Sensível, inteligente e engraçado.

A Era do Rádio (Radio Days, 1987)

Relembrando a infância em NY, Woody Allen conta sobre a influência das novelas de rádio em sua vida, com Mia Farrow interpretando uma garçonete que se torna sucesso dos rádios.
Um charme só!Bárbaro!

Setembro (September, 1987)

Um drama intenso sobre uma reunião na casa de campo de Lane (o ápice de Mia Farrow), onde a mesma entra em conflito com a mãe, uma excêntrica atriz.Forte, lento e marcante.Excelente.

A Outra (Another Woman, 1988)

Marion é uma mulher que se protegeu e ressentiu seus sentimentos.
Escritora de sucesso, aluga um apartamento para terminar seu próximo livro, mas graças a um problema de acústica, começa a ouvir relatos de pacientes do apartamento ao lado, onde funciona um escritório de psiquiátrico.Começa então a ouvir uma mulher grávida que não consegue mais viver em paz, sempre com problemas.Marion (a excelente Gena Rowlands) percebe então em como os sentimentos de outros a abalam e vice-versa.Ótimo.

Contos de Nova York (New York Stories, 1989)

Um filme com três contos.
Um dirigido por Martin Scorsese, Francis Ford Coppola e Woody Allen.
Os dois primeiros são medianos, mas o conto Édipo Arrasado, de Woody Allen, é hilário!
Conta a história do próprio que nunca conseguiu se livrar da mãe, super-protetora e reclamona.Até que um dia, durante um show de mágica, ela desaparece, e depois reaparece, mas num lugar inusitado: ela fica flutuando sobre o céu de NY, ainda querendo controlar a vida do filho, expondo seus problemas e conselhos para toda cidade.

Crimes e Pecados (Crimes and Misdemeanors, 1989)

Um ótimo drama sobre humanidade e adultério.
A amante de um oftalmologista bem sucedido ameaça arruinar sua vida, contando tudo para sua esposa.Em outra história separada, Woody Allen é um documentarista infeliz que luta para não trair sua esposa, ou trair e ser feliz.Trágico e com boa filosofia.Excelente.

Simplesmente Alice (Alice, 1990)

Comédia romântica mediana sobre (mais uma vez) adultério.Alice é uma mãe de 2 filhos, casada a 16 anos que precisa de algo a mais em sua vida.Acaba se apaixonando por um jazzista.Sofrendo de dores nas costas, procura a ajuda do Dr. Yang, que descobre que seu problema não é físico, e sim mental, relacionado com o coração, com a ajuda de ervas, dá poderes especiais para Alice, o que acaba com sua vidinha medíocre.

Maridos e Esposas (Husbands and Wifes, 1992)

Ótima comédia sobre relacionamentos.
Quando Jack e Sally anunciam o divórcio, Gabe e Judy (Woody Allen e Mia Farrow, respectivamente) ficam chocados com a notícia e percebem que o casamento deles também está acabando.Enquanto Jack e Sally se separam e começam a sair com outras pessoas,Gabe e Judy também acabam se interessando em outros.

Poderosa Afrodite (Mighty Afrodite, 1995)

Lenny (Woody Allen) e Amanda (Helena Bonhan Carter) adotam uma criança.Cinco anos depois, obcecado com a inteligência do filho, Lenny resolve descobrir os pais verdadeiros do filho, que acaba desapontado quando descobre que a mãe verdadeira é uma prostituta e atriz pornô (Mira Sorvino, excelente) e a pessoa mais burra que já conhecera.Junto disso, um coro grego liga a trama com a história de Édipo.Excelente.

Todos Dizem Eu Te Amo (Everybody says I Love You, 1996)

O pior filme de Woody Allen.
Comédia tola e musical sobre basicamente o amor.
Uma rica e liberal família de NY aprendem sobre vida e amor enquanto cantam e dançam pela cidade.

Desconstruindo Harry (Decontructing Harry, 1997)

Um dos melhores filmes de Woody Allen.
Harry (Woody Allen) escreveu um best-seller sobre seus amigos, mas sempre maldizendo sobre eles, revelando segredos profundos.Esses melhores amigos agora são seus piores inimigos.
Engraçado, original, inteligente e excelente.Ótimos coadjuvantes.

Celebridades (Celebrity, 1998)

A vida de um casal muda completamente depois que eles se separam.Ela fica famosa e ele fica na merda.Algumas boas sacadas, mas ainda é um filme mediano.

Poucas e Boas (Sweet and Lowdown, 1999)

Comédia sobre um guitarrista de jazz irresponsavel Emmet Ray(o ótimo Sean Penn) que vira paixão da lavadeira Hattie (a também ótima Samantha Morton).Um charme.

Trapaceiros (Small Time Crooka, 2000)

Comédia pastelão e mediana sobre um assalto a banco.
Aqui começa a fase comercial de Woody Allen.

Igual a Tudo na Vida (Anything Else, 2003)

Jason Biggs e Christina Ricci são um casal com problemas amorosos e Woody Allen é o amigo de Jason Biggs que lhe dá conselhos sobre o amor, filosofia e profissão.
Bom.

Melinda e Melinda (Melinda and Melinda, 2004)

A mesma história é contada duas vezes.
Uma apostando no lado cômico e outra no lado dramático.
Excelentes atuações, ótimo roteiro, é a volta do criativo Woody Allen.

Match Point – Ponto Final (Match Point, 2005)

O instrutor de tênis bem educado, Chris tem como aluno e amigo o playboy bonitão Tom.A irmão de Tom se apaixona por Chris, mas ele só tem olhos para a noiva de Tom, Nula (a excelente Scarltett Johanson).Ótimas atuações, roteiro brilhante.É um filme sobre sorte.Sobre crimes.E até o final, que te surpreende, não parece um filme do Woody Allen, primeiro pela forma conduzida e depois porque o diretor trocou NY pela mais charmosa Londres.

Scoop (ainda sem título em português).

Tem estréia prevista para 2006 ainda.Conta com Hugh Jackman, Scarlett Johanson e Woody Allen no elenco principal.Na trama surreal, Johanson é uma repórter investigativa que com a ajuda de um fantasma, se envolve com o suspeito de assassinatos,Jackman.Allen é o mágico que traz o fantasma para o mundo.

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