14.2.10

Enlarge Your Penis


Durante uma maratona de Os Normais percebi que meu cérebro transformou sexo em ficção. Antes eu tirava sarro de mim mesmo dizendo que não acreditava em semiótica nem em sexo. Hoje acredito e faço uso da semiótica mas o sexo ficou na televisão, na internet, nos filmes, nos livros, etc. É coisa da mídia.

Sabe quando você vê um carro saltando uma ponte ainda não acabada num filme de ação e fala "isso só acontece em filme?", então - isso é sexo pra mim. E sempre vai terminar com um final feliz!

Quando se passa mais de um ano e meio sem ver ao vivo uma pixirica, você diz coisas como "enquanto eu tiver Speedy e minha mão direita não preciso de ninguém" assim como quando alguém fica com a perseguida na sua cara no ônibus, separada somente com uma camada de jeans, você pergunta "O que será que tem aí atrás desse jeans hein?".

Ainda mais hoje, que o sexo na ficção está cada vez mais realista (já viram um brasileirinhas em HD ?) e sempre presente nas melhores produções do entretenimento.

Peraí... retiro tudo que eu escrevi antes... sexo pra mim é auto-ajuda.

* Reencontrei esse texto nos rascunhos, escrito em junho do ano passado, mas parece que foi hoje cedo.

9.2.10

Segurança



• 2 bottons (1 do Kill Bill, outro dos Simpsons); • Certificado de Reservista; • 1 iPod; • 1 fone de ouvido com o lado esquerdo quebrado; • 1 guarda-chuva; • 3 camisinhas; • 1 inalador Vick; • Algumas moedas; • 1 caderno de anotações; • 1 celular; • Postais "Mica" e ingressos antigos de cinema; • O livro "Diário de um
Ladrão"; • 1 mochila.

Ele sabia muito bem o que estava fazendo. Como se aproximar, apesar de eu ter sido um alvo fácil, ele veio com tranquilidade, ainda que apressado. Vi que estava nervoso mas acho que não tinha nada a ver com o momento. Acho que ele é sempre elétrico, devido a efeitos de drogas, sei lá. Estava só obtendo o controle da situação. Rapidamente e com muita confiança ele disse o que queria. Mais rápido ainda, sem que houvesse tempo para perceber que com aquelas roupas e sujeira ele não iria subir em ônibus algum; pensei no livro. Automaticamente abri a mochila para retirar meu livro e talvez, se tivesse sorte, meu caderno de anotações. Mas ele logo me mandou fechar e entregar tudo. Sem reação, entreguei. Chegou mais perto e segurava a cintura, como se estivesse armado. Mas acho que ele carregava somente a segurança, confiança e auto-respeito que eu nunca vou ter.
Foi embora para o lado oposto ao meu e ao longe me dava ordens que eu obedecia ainda em transe, como por exemplo, entrar no ônibus que passou sem saber seu destino.
O momento - inédito - foi uma experiência interessante, mas de baixo nível. Assalto é banal nos dias de hoje, sinto que tive sorte.
A situação me bombou rapidamente com as confissões e relatos de Jean Genet sobre como é ser ladrão, mendigo, cruel, dominador, ditador de si mesmo, criador de regras próprias e princípios únicos (poetisando cada momento de sua vida). A ação me ligou freneticamente ao livro, ao ladrão, ao cenário, ao descontrole e admiração a tudo de oposto que eu já tenha vivido.

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