29.12.16

Season Finale X

Anteriormente em Season Finale...

Não há muito o que descrever. O dano está feito. Ela veio calma e silenciosa conforme o esperado.

É o Fim de uma totalidade.

Qual o valor de uma ausência e o peso de uma presença? Vai demorar até que eu possa sorrir de forma sincera novamente. Somente a melancolia permite a aceitação da morte e a continuidade da vida.

Enquanto espero que tudo isso termine logo percebo que na maioria das vezes não sou inerte aos acontecimento. Ao contrário, na maior parte do tempo sou selvagem. Apenas respiro. As coisas vão mudar, mas sempre via alguma violência. A violência do tempo, muitas vezes. Contamos ansiosos pelos dias da liberdade. A expansão do concreto e da fumaça oferece uma infinita expansão da decadência enquanto esperamos. É opressor, é alienante. Ameaçador, sadístico e eu quero tudo isso. O dano está feito.

Ando pelas ruas lotadas de um centro de cidade.
Reparo que as pessoas parecem com a minha alma e com a palavra "melancolia".
Às vezes podemos ouvir a vibração da luz. Como um barulho de repente no meio da alienação.
Nós todos lutamos, amamos, trepamos, rimos, choramos e na maioria das vezes estes intensos momentos ou pensamentos ou emoções acontecem no mais banais dos lugares.

Somos as vítimas da fatalidade, não há esperança para nenhum de nós, mas se existir, ainda que nos deixe dar um último grito, um terrível uivo de agonia, um berro desafiador, apenas talvez um choro numa batalha. Chega de sofrer. Deixem os mortos enterrarem os mortos. E nós, os vivos, vamos dançar para celebrar uma última e agonizante dança, porém uma dança verdadeira.

Se alguém disse alguma coisa, desculpe. Não ouvi direito. Não tenho a mínima ideia para onde estou indo, mas eu sei que não está acontecendo pela última vez. Todas as noções dos meus movimentos são incertos. Nesta temporada eu passei pelo desconhecido novamente. Todas as pessoas alcançaram sinais de enigmas. Se eu alguma vez fiquei preocupado em me entregar à insanidade, foi aqui e agora. A imersão nos estigmas, nos objetos, nas visões... eu preciso disso. Nós precisamos e eu quero muito isso. Se eu em breve perder o controle, vou definitivamente ter a esperança em continuar a sorrir com meus fones de ouvido, como bêbados ou os idiotas. A ficção é a única saída.

Não resta nada. Agora quero pelo inesperado. Espero por algo que eu nunca vi antes.

Contra o progresso, a perenidade.
Contra a abstração, o concreto.
Contra a revolução, a tradição.
Contra a política, a metafísica.
Contra a natureza, uma estética.
Contra o igualitarismo, a hierarquização.
Contra fantasmas, os espectros.
Contra o ceticismo, a fé.
Contra a arquitetura, a música.
Contra a visão, a fotografia.
Contra a morte, a vida.

Continua...

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