17.4.10

Jigsaw Puzzle


Quanta gente passando. Pra lá e pra cá. Elas não param. E aquelas lá em cima dentro daquele avião que ta pousando? De onde será que elas estão chegando? E essas dentro do ônibus. Cansadas. Sete e meia. Indo pra casa, escola, trabalho. Meu ônibus não chega. Vista cansada. To sentindo o mesmo peso e incômodo nas costas de antes. E não é a mochila. E essa menina? Com quem será que está falando no celular? Parece que é com uma amiga. Essas pessoas não param... Vista cansada. Queria estar num quarto escuro como um fechar de olhos. Fecho um pouco. Barulho da rua com o do meu fone. Abro os olhos. Essa luz laranja de rua. Como amo esse laranja. Queria que tocasse Stones no meu mp3. Jig-saw Puzzle. Mmmm. Jig-saw Puzzle... Jig... Saw... Puzzle. Minha música do momento. Derreto com ela. Queria fumar um beck e ouvir Jig-saw Puzzle. Sei que é um clichê, mas é um clichê muito bom. Adoro fumar um e ouvir um som. Jig-saw Puzzle. Era tudo que eu queria de aniversário se me perguntassem. É a conexão definitiva com música. Da mente depravada de Jagger e Richards, da melodia melancólica ainda que inquieta, da historinha contada, muito pessoal e até despretensiosa, da gravação, da voz, seu timbre, seu ritmo, dos anos que se passaram até meus ouvidos, meu cérebro. A freqüência perfeita. Jigsaw Puzzle. Nunca esperei tão pacientemente pelo meu ônibus, deitado aqui no chão.

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