28.2.06

A Origem da Vida

Ano : 2442

A Terra é um lugar estranho,muito estranho.A pouca água que existe nela não se pode beber.Há muito sangue e é salgada demais.Por isso se bebe a água das empresas Água Mesmo,que são distribuidas pelo sistema Eurocon.Ela vem direto da Europa,uma lua de Júpiter.
Para entrar na Terra custa 15 www’s,que é a moeda da galáxia.
O legal da Terra é que se pode ver tudo que existia há muito tempo.Segundo dados da revista Galactica XY,o planeta Terra é o maior museu do universo que se tem notícia ! Por isso é tão caro entrar nele.A parte mais visitada do museu é a área de tecnologia antiga.Nela pode-se ver os computadores que os antigos terráqueos usavam antes de serem transplantados no corpo humano.Como a Terra é propriedade exclusiva e limitada de um consórcio empresarial,além também das constantes chuvas lasers,os humanos agora vivem espalhados pelo universo solar.O lugar mais insatisfatório é a Lua,onde vivem cerca de 23 milhões de seres.Outros bilhares vivem em Marte e nos últimos 10 anos a população de Vênus cresceu com a notícia de bons empregos e péssima remuneração,mas para quem gosta de ser visto na coluna social,é uma boa pedida.

Arthur mora num CHP (Cúbiculos de Hologramas Pichados) na área T-1000.
Mora sozinho e tem um amanue sintético de pelúcia falsa para fazer companhia.Trabalha como digitador na divisão de chips de silicone na empresa mais importante de todas as galaxias : a TimeCop.
Essa empresa foi criada em 2432,justamente quando, depois de diversas experiências tentando viajar no tempo,o jovem Herald W. Reich III,25 anos, adicionou três colheres de sopa de um suco em pó cristalizado da Antiga Terra na receita para viagens temporais.E deu certo !Não só conheceu seu neto,como matou sua sede ao beber o que criou.

Num dia desses,Arthur limpava seu bastão de carvão inanimado,quando foi chamado para comparecer na área de viagens proibidas 06.Já não era um dia bom,estava gripado e a Sorte Lunar do Jornal Luar informou que os nascidos no dia 23/12 iria conhecer algo novo.Arthur odiava coisas novas,tal como usar o toalete em tempos que a Lua fica escura,era muito frio.Ficou emburrado o tempo todo no serviço.No meio do caminho para a área 06 encontrou Vic,mais conhecido como “aquele cara do setor 7-G que não tem o dedinho da mão esquerda”.Odiava ele também.

- Viagens proibidas hein,Arthur,o que será que te aguarda ? – disse Vic,fazendo pouco caso.
- Minha mãe sempre dizia que a vida é uma caixa de chocolates,nunca se sabe o que vai achar. – respondeu Arthur.
- Assistiu de novo Forrest Gump,Arthur ? – implicou Vic.
- Pois é cara,relançaram a remasterização redigitalizada holográfica do filme,tive que comprar,até mais Vic.
Vic levantou a mão esquerda e deu tchau.Aquele espacinho vago deixava Arthur com ânsia de vômito.
Anomalias eram normais para a época,sendo que 14% das pessoas,nascem só com um nariz.

Chegando na área de viagens proibidas 06, mandaram Arthur esperar.A música de fundo lembrava um cantor de idéias malucas que Arthur esquecera o nome.Dirigia aquela nave azul – pensou Arthur – Ah,esquece. – resolveu o problema.Os doces da mesa eram ruins,verdes com raspas de antigos “lápis” humanos.Classe para a época.Arthur odiava.

- Arthur Zoideberg ? – perguntou Lesex,a única garota de três olhos do complexo leste.
- Sim – respondeu Arthur.
- Siga-me por favor,e devolva os clipes que você roubou. – quando disse isso o terceiro olho deu uma voltinha e voltou mais tarde,parecendo envergonhado.

ÁREA DE VIAGENS PROIBIDAS 06

Estava escrito em letras horríveis,sob uma porta dupla mais horrível ainda.
Entrando na sala,Arthur não enxergava direito,era tudo muito branco,muito claro,muito brilhante,estava com medo de sujar o local.
A única coisa visível era um botão prateado em cima de um visor holográfico-nítido,com os números 2006 piscando.
Era a famosa máquina do tempo de Herald.Já tinha visto essa máquina várias vezes,mas nunca uma branca.Elas são classificadas em quatro cores :
- As azuis são para viagens comerciais.São viagens restritas.Apenas para colherem matéria-prima que não existem mais,tais como madeira,fitas de vídeo e cd-roms.
- As verdes são para viagens futurísticas.Pouco usada,além do mais,por que alguém pagaria tão caro para ver como você será triste e acabado no futuro.
- As vermelhas são para pesquisas científicas.Foi adotado depois que o antigo método de utilizar velhos para ver quais nutrientes serão necessários na velhice foi dito como insatisfatório.Muitos dos velhos se matavam,antes que os cientistas colocassem as luvas para evitar contaminação.
- E finalmente,as brancas.Todo os outros motivos para se viajar no tempo são proibidas segundo a 5ª Lei de Viagens Temporais de Reich III.Muitas pessoas adorariam mudar o futuro (atual presente) mudando o passado,como por exemplo avisar constantemente em mídias primitivas sobre a escassez da água e tentando evitar o desmatamento.Como se daria certo...

- Aguarde mais dois minutos – disse Lesex,dando as costas e saindo do local,deixando Arthur completamente só.
Ficou olhando para a sala branca,com uma mão segurando a outra por trás,sempre com cara de suspeito.Pensou no que comeria quando chegasse no cúbiculo,e depois pensou como odiava esperar,ficava ancioso,desnorteado e inquieto.De repente,viu o botão prateado falar com ele :
- Ei ! Arthut ! Me aperte ! Viaje pelo tempo comigo,sou seu amigo,vamos ! Me experimente !
Arthut olhou para o lado desconfiado,deu risada de si mesmo e respondeu :
- Não.É proibido.Posso provocar um caos total no tempo,ou pior,ser incinerado.
- Qualé, Arthur ! Nada vai acontecer,está marcado 2006 no visor,não há nada de legal nesse ano.Será uma visitinha rápida,vamos,vamos,vamos,vamos !!!!
- Não !!! – gritou Arthur.
- Você é mesmo um covarde,sabia ? Foi por isso que a Wendrix te abandonou para se casar com um contador em Vênus.
- Nada disso,botão...Ela queria fama e fortuna e eu só poderia dar-lhe escovas de dentes a laser,eu mesmo dei um pé na bunda esquerda dela.Rárá !
- Como você é idiota,Arthur.Me aperte, vai ser super divertido ! – continuou o botão prateado.
- Veja bem, eu não tenho a mínima vontade em viajar no tempo...Mas pensando bem,sei lá,acho interessante ver pessoas se locomovendo a quatro rodas...
- Viu só ? Você quer !! Vamos vai,coisa rápida ! Antes que aquela vagabunda de três olhos volte,com cientistas,sabe,eles querem te examinar...Viram o que você fez ontem durante o serviço...
Coçando mais a cabeça mais rápido, Arthur olhou para os lados e começou a suar frio :
- Como eles souberam ? Pensei que tinha desconectado os cabos holográficos das mini-câmeras portáteis !
- Pensou errado,Arthur.Eles viram tudo,tudinho.E com certeza vão te examinar – provocou o botão prateado – Sua única chance é fugir comigo.
- Ok,ok... – Arthur foi avançando para a porta, quando viu sobre a mesa, papéis eletrônicos informando alguns códigos proibidos.Arthur pensou que esses cientistas são bem idiotas de deixarem códigos proibidos largados por aí.
Digitou o sétimo código,fazendo sumir o antigo número 2006,que agora aparecia,sempre piscando : */4263\*22.
A porta branca fez um barulho estranho e se abriu.Arthur entrou correndo,não sabia se era o estresse do momento,a adrenalina,mas pensou ter visto o botão prateado piscar para ele.

PLUNCT PLACT ZUM

Arthur apareceu num lugar vazio.A não ser pelas gigantescas montanhas,verde,muito verde,um vasto campo verde e um oceano infinito a frente.
“Uau,é como nas aulas.”, pensou Arthur.
O céu estava limpinho e era algo inédito para Arthur,que nunca tinha visto o céu.
Aquele ar todo limpo entrou nas quatro narinas de Arthur,fazendo com que se sentisse muito mal.Nunca tinha respirado daquele jeito,começou a ter falta de ar,espasmos horríveis,olhos lacrimejando,começou a abanar os braços inutílmente.Foi sufocando,mais e mais.Começou a correr,sem ver por onde ia,caiu de joelhos em frente ao oceano e espirrou.

- Atchiiimm !

O espirro todo caiu nas águas límpidas e Arthur desmaiou.Logo em seguida sumiu e apareceu de volta na sala branca,onde cientistas com cabinhos elétricos,davam choque no corpo caído de Arthur.

As bactérias de Arthur,foram descendo lentamente para o fundo do oceano.
Foram se espalhando mais e mais.Demorou cerca de 10 milhões de anos para,dos restos,formarem um glóbulo transparente.Durante mais milhares de anos,o glóbulo foi crescendo,criando guelras,e até um olho mínino.
Mais anos se passaram,já tendo forma de um peixe,o pequeno animal percebeu plantas ao seu redor e virando para trás,muito mais peixes.
Fez amizades,encontrou alguém,reproduziu e tiveram muito filhos.
Até que um dia,todos resolveram sair do oceano.Estava muito cheio.


11.2.06

"Naonde" mora o coração

Em minha viagem a Minas Gerais,ainda bem perto de São Paulo,na cidade de Frutal para o casamento do meu tio Lo,percebi diversas coisas.
Já tinha me desligado do “material”,do desapego,por assim dizer.Não me preocupo mais com essas coisas,do tipo,ter ou não ter.Não cheguei ao estado comunista-socialista de ser hipocrita e dizer que o capitalismo é ruim.Sou dele,pertenço a ele,mas mudei.Sim,é ótimo ter coisas modernas,uma coleção infinita de DVDs,comer do bom e do melhor e viver numa casa perfeita.
A cidade fica,como já escrevi,bem na divisa do estado.Ou seja,interior,pés-vermelhos,barro,lama,do jeito que eu gosto.
Fique numa casa com dois quartos,mas tinham 15 pessoas.E no teto não havia acabamento,portanto tudo que se fazia na casa,era ouvido do outro lado.Rárárá,pra usar o banheiro era um sufoco,e dormir no chão não é nada agradável !
Só houve casório no civil,mas no almoço eu aproveitei.Comida mineira,conversa com os primos que não via há meses e até conheci uma prima nova: Vanessa.
No sítio onde ela mora,bem no meio do nada,cheio de lama,barro,foi onde a simplicidade tomou conta de mim.Andamos descalços,cheios de lama,correndo,e ela sempre segurando meu celular,que irônico !
Simplicidade acima de tudo,sem esquecer da cultura fundamental.



Mas quem roubou minha atenção nesses 3 dias foi Dayane.Ela é irmã da Karina,aquela prima que eu gostava muito (ainda gosto,mas não como antes,lembram de um post do ano passado ?).
Logo quando ela me viu,já sorriu,com aqueles olhos azuis,ai que vontade de nadar neles !
Ela me disse,agarrando na minha manga,que queria que eu ficasse lá pra sempre,morar com ela,bem que eu queria.Mas tenho a Fifi pra cuidar,e só pude viajar porque a deixei com a veterinária,pagando 15 reias por dia.Mas eu queria muito ficar...não para sempre,mas por mais um tempo.Ela é tão graciosa,tímida,com as mãos macias e tudo o mais.
Linda,inesquecível.Quando estava indo embora,deixei minha carteirinha de estudante do ano passado pra ela,arrependo,pois a foto da carteirinha é péssima.Mas espero que ela guarde.Prometi a ela que em julho eu voltaria.
"...e fui.E desde então,o sol,a lua e as estrelas podem continuar a brilhar, mas eu não sei mais quando é dia e quando é noite; o universo inteiro não mais existe para mim."


“Perigo é eu me esconder em você,e quando eu voltar,quem sabe...”

3.2.06

Não quero ser grande.

Já assisti ao clássico da Sessão da Tarde "Quero ser grande" ínumeras vezes.Ontem assisti de novo.
Ai me simpatizei mais pelo filme.
Sempre que via,me maravilhava por essa possibilidade de crescer da noite pro dia,graças
a um desejo de uma máquina misteriosa num parque.
Ai,moraria sozinho,e arranjaria um emprego numa empresa de brinquedos,logo,perceberiam
que eu tinha o espírito de um garoto de 12 anos dentro de mim,ai seria
promovido para testar,brincar com brinquedos novos e dizer-lhes o que achei.
Seria amigo do chefe,me mudaria pra um apê grande,cheio de coisas legais,frequentaria
festas e acharia uma mulher bacana.



Mas Hollywood me enganou.
A vida não é assim e eu não quero mais crescer.
Faltando menos de 4 meses pra eu fazer 18,ser de maior,sinto que não
estou preparado pra isso.De jeito nenhum.
Não me vejo trabalhando,justamente pela falta de vontade de me envolver com pessoas.
A responsabilidade grande nunca vem e isso me assusta cada vez mais,o vento
só traz más confirmações de minha decadência iminente.
Estou cada vez mais amargo,adulto,vendo tudo de outro jeito.



Qual é o momento certo para ficarmos confiantes em nós mesmo ?
A inocência sonhadora ou a responsabilidade desgastante ?

childhood living is easy to do ...

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