25.6.12

Keep Your Solitude To Yourself

Nas últimas 3 semanas, três amigas diferentes vieram conversar comigo sobre a solidão delas. Uma com uma situação bem grave, outra com uma situação inédita para mim (nunca imaginaria essa pessoa reclamando de solidão... Acho que uma prole não é o suficiente... Nada é suficiente, eu sei. A solidão dela me deixou surpreso e curioso). E a outra pessoa sempre sofre de solidão e ainda não superou que nascemos e morremos sozinhos (eu sei, ninguém supera).

Todas essas solidões tem algo em comum: a rejeição. A mais grave foi rejeitada e não esperava isso. Não por ser arrogante, mas fazia tempo que ela não era rejeitada e acredita estar velha demais para esse tipo de coisa, ficando bem depressiva com toda essa situação. Todas elas tem outra coisa em comum, muito mais importante que a rejeição: elas são bonitas, inteligentíssimas, bem sucedidas, bem humoradas, enfim, são pessoas bem interessantes.

Não sei ao certo as rejeições de cada uma delas, mas sei muito bem das minhas. Lembrei de todas que eu sofri. Foram bem poucas, mas todas bem marcantes e sem fazer drama, foram traumáticas. E o fascinante é que como todas minhas paixões foram platônicas, eu aposto que nenhum desses meus amores inexistentes sabiam que um dia chegaram a me rejeitar.

Uma das rejeições mais importantes que aconteceu comigo foi justamente com meu primeiro amor. Não vou estender muito essa história, mas ela ainda é muito especial para mim e dividimos momentos que eu nunca vou esquecer e foram tão significativos para mim (acho que só para mim), que sempre que eu recordo deles sinto um frio nostálgico no esôfago e meus olhos ficam instantaneamente tristes. Os momentos mais mágicos aconteceram em cinemas e com filmes que por ordem do acaso, que é irmão da coincidência, retratavam nas telas o que eu estava passando na vida real. Ainda choro quando os revejo. Como nunca declarei meu amor por ela, Thalita nunca chegou a me rejeitar. Ela idealizava e comentava um certo tipo de amante que tristemente era o oposto do que eu era. Mais alto, mais velho, mais cabeludo, sem miopia e bem mais magro (a ironia, parente maldita do acaso e da coincidência, é que hoje ela é casada com um gordinho).

Muitos anos depois eu tive uma rejeição parecida. Estava tão apaixonado por essa outra pessoa que cada vez eu tocava na mão dela, sentia uma dor horrível. A Carol também declamava seu amor idealizado pelos corpos esbeltos e perfeitos. É muito triste quando alguém que você ama, ama o oposto do que você é. Nesse dia entendi o que significa a frase "você é o que você ama e não o que ama você".

Mas a parte mais triste desta última rejeição foi quando no último dia de trabalho dela no mesmo lugar que eu também trabalhava (e eu sabia que encontra-la novamente ia ser difícil), no momento que nos despedimos, ela me abraçou fortemente, depois olhou nos meus olhos e disse que eu era uma das pessoas mais incríveis e especiais que ela já tinha conhecido. Esse elogio acabou comigo e me fez pensar: se ela me acha tão incrível e gosta tanto de mim por que...? Melhor nem pensar sobre isso...

A rejeição (e a solidão) mais importante da minha vida e a mais traumática é a minha própria rejeição. Mas essa rejeição eu guardo para mim mesmo. Só deixo uma frase que uma outra amiga (também rejeitada pela vida) disse para mim: “Se um dia ele se enxergar como a gente enxerga ele, vai ser amor à primeira vista.” Acho que serve para todos, não?



“... Solitário, tu segues o caminho do amante: amas-te a ti mesmo, e por isso te desprezas, como só desprezam os amantes. O amante quer criar porque despreza! Que saberia do amor aquele que não devesse menosprezar justamente o que amava?”

“... Chamam-vos gente sem coração; mas o vosso coração é sincero, e a mim agrada-me o pudor da vossa cordialidade...” – Nietzsche

Nenhum comentário:

Anteriormente