4.2.09

Sinais









Na última vez que dormimos juntos senti algo de diferente no ar. Um lençol já muito usado parecia novo. Os espelhos não refletiam nossos corpos, só o quarto. Não podia enxergar a janela. Eu estava na sua altura. Mas era mais do que isso.
Pensei em chamar sua atenção mas não queria que se preocupasse. Não queria te acordar. Afinal de contas, eu estava acordado. Talvez era somente eu que sentia falta de algo - mais ninguém.
Agora eu posso dormir também porque vou te ver de novo nos meus sonhos como um reconforto que só você poderia me dar - mais ninguém, diferente de todos.
No seu funeral eu não parecia abatido, muitos estranhavam e questionavam. Eu parecia uma estátua. Me sentia uma estátua oca. Por dentro nada. O vazio sendo representado por uma escuridão e refletido fisicamente como uma queda. O frio na barriga subia até o coração que pelo sangue envia o choque para minha percepção abalada. Paralisado.
Eu vejo sinais por toda parte que só significa que você não está dormindo, acredito em tudo que traga você de volta para mim.
Dois corvos em cima de uma velha árvore. Um para mim, o outro para você.
Queria que fosse assim.

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