1.9.16

Estranhos conhecidos

Há algumas semanas um antigo amor reapareceu e foi muito estranho. Fazia mais de três anos que não nos víamos. Durante este tempo viveu muitas aventuras que me contou com muita energia. Viagens incríveis, outras coisas não tão bacanas assim. No final, contente por saber que está bem, tão vivaz, a perguntei por que queria me ver e me disse que se lembrava muito de mim mesmo sem nos falarmos por tanto tempo. Acaba de se separar do seu último amor e estava com vontade de recomeçar, de mudar algumas coisas do passado, talvez. Me disse coisas bonitas e entendi que, na realidade, não me estava falando diretamente a mim, mas a quem eu era, a quem fomos, a nosso passado. Fazem mais de três anos, pensei novamente. Recordamos de uma piada cujos detalhes eram distintos para ambos e rimos disso. Ao nos despedirmos me propus a ficar, mas hesitei. Seria tão sincero, pensei. Mas declinei essa opção. Por que?, me pergunto. Suponho que porque já tenho minha vida, porque não me senti reconhecido como um cara com quem conversava com tanta ilusão, porque se ainda creio que a vida é uma forma em espiral, não brilhamos o suficiente, ou ao menos não me recordo assim. E porque agora estou bem, mais tranquilo, e não quero que isto se quebre embora sei que se quebrará igualmente, porque nenhuma etapa é eterna. E porque, seja lá o que passei, prefiro o presente... Embora sigo me sentindo sozinho, embora nunca fui de encontro ao amor. Prefiro não voltar ao passado, mesmo que agora seja uma grande pessoa. Não contei isso a ninguém até agora.

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