31.12.05

Sin City

Moderno,
violento e
genial !

O melhor
filme
do
ano !

Dirigido por Robert Rodriguez (Pequenos Espiões) e também pelo criador das histórias em quadrinhos,Frank Miller (da também ótima Cavalheiro das Trevas),Sin City revoluciona o modo de levar HQs para as telas,fazendo até melhor do que uma adaptação.Com a ajuda do próprio criador,os dois dão vida às revistas,ao juntar três grandes histórias num filme ganancioso e ousado.Que é dividido em três histórias:

Sin City
Marv é um cara durão,diferente de outro caras durões de Basin City.Ele é foda.Depois de uma noite de incrível sexo com uma deusa chamada Goldie,Marv acorda com o defunto da linda Goldie ao seu lado.Ela foi a única que o escolheu por algum motivo,que não ligou para sua aparência horrenda,e o escolheu para proteje-la.Marv jura vingança.Vingança suja,sangrenta e barulhenta,assim como ele.No decorrer de sua satisfação sangrenta,Marv acaba entrando em um jogo perverso e sujo,até mesmo para uma cidade como essa.Entra no caminho de um canibal psicopata e de um cardeal do alto clero da Cidade do Pecado.



The Big Fat Kill
Um policial morre na Cidade Velha de Basin City.Além de ser um policial,Jackie-Boy também é um herói que tem seu nome mencionado em jornais.Um policial de merda também.Maltrata sua namorada,que como fuga,encontra Dwight,um cara linha dura e amigo das prostitutas que governam a Cidade Velha.Elas são a lei lá.E faz parte da lei,como dizia o acordo,que os policias se afastam e só entram pela diversão,pagam e vão embora.Vivos.Mas um policial morreu na Cidade Velha.É o começo de uma guerra.E com a ajuda de Dwight,Miho,Gail e muitas outras protitutas armadas,irão resgatar o direito de mandar na Cidade de novo.É o ínicio da uma grande matança.



That Yellow Bastard
Depois de salvar Nancy,de 11 anos,da mão de um pedófilo filho de um senador manda-chuva,o policial honesto Hartigan,prestes a se aposentar,é baleado diversas vezes e levado ao hospital.Mas antes disso,Hartigan se divertiu com o filhinho do senador,arrancando-lhe suas duas armas e atirando em sua orelha.Com a ajuda do senador,a culpa pelos estrupos caem em cima de Hartigan,que vai parar na prisão.A única coisa que faz com que ele resista são as cartas que nos longos oito anos tem recebido de Nancy.Até que as cartas cessam,fazendo com que o velho Hartigan se preocupe com a menina,agora mulher.Confessando todos os crimes,Hartigan sai da prisão e sai a procura de Nancy.Mas algo ainda atormenta sua vida.Há um assassino amarelo os perseguindo.



Com a participação do amigo Quentin Tarantino (Kill Bill),dirigindo uma cena (uma conversa entre Jackie-Boy e Dwight num carro),Sin City é movimentado,um filme de ação,thriller,noir e repleto de humor negro.As cores predominantes são o branco e o preto,mas com o aparecer de cores primárias como o vermelho das protitutas e do sangue,o amarelo do assassino e o azul das sirenes policias,começam a aguçar os sentimentos transbordando em extase total.

24.12.05

Uma Vida Iluminada

Elijah Wood faz
você esquecer Frodo
de vez,atuando
perfeitamente num
filme bem dirigido,
cativante e
bonito

Jonathan é um jovem judeu americano que parte para a Ucrânia para procurar Augustine,uma mulher que salvou seu avô dos nazistas na Segunda Guerra Mundial.Com a ajuda de Alex,que fala um inglês todo estranho e engraçado,parte num carrinho apertado guiado pelo avô de Alex,que finge ser cego e sua cachorra-guia Sammy Davis Jr. Jr.


Primeiro filme dirigido por Liev Schreiber,que roteiriza o livro de Jonathan Safram Foer,que mescla auto-biografia e ficções inteligentíssimas.Schreiber acerta na fotografia,principalmente nas cenas nos campos de girassóis e nas estradas voltadas para o horizonte.Elijah Wood se perde totalmente no estigma de Frodo,da trilogia O Senhor dos Anéis,como aconteceu do Mark Hamill de Star Wars e Michael J. Fox em De Volta para o Futuro.


Não só Elijah que faz o filme.A parte cômica está nas mãos de Eugene Hutz e Mikki,Alex e Sammy Davis Jr. Jr.,respectivamente,e na parte emotiva,entra Boris Leskin como o supreendente avô de Alex,numa das mais simples e emocionantes atuações que eu já vi,ajudando mais ainda na beleza ingênua e fraternal do filme.


O filme expõe a relação entre avôs e netos,e a busca de deixar uma algo aqui,ao acaso de alguém quiser saber sobre mim,me encontrar,saber se eu existi ou não.”Tudo se ilumina à luz do passado” diz Alex no final.Jonathan é mostrado como colecionador de momentos,com medo de esquecer o que presenciou,coletando diversas coisas como batata,terra de um lugar,dentadura e outros objetos estranhos,mas que é usado no filme como metafora por esse medo do esquecimento,sempre preso ao passado,ao invés de deixa-lo te iluminar como sempre fez e sempre fará.

Boas Festas !!!

16.12.05

Harry Potter e o Cálice de Fogo

Nova aventura
do bruxo se supera
no humor e
na aventura,
sendo o
melhor que
os anteriores

Depois de um ataque dos Comensais da Morte na Copa Mundial de Quadribol,o mundo dos bruxos está cada vez mais alerta com o possível retorno de Lord Voldemort.Mas isso não impede de que em Hogwarts celebre o Torneio Tribruxo,onde 3 campeões de diferentes escolas são submetidos a 3 tarefas dificies e perigosas.Mas além de Fleur Delacour da escola Beauxbotons,Victor Krum da Durmstrang e Cedrico Diggory de Hogwarts,o bruxo Harry Potter é selecionado pelo cálice de fogo,o que não deveria acontecer,pos ele é menor de idade.




Dirigido por Mike Newell (Quatro Casamentos e um Funeral),que finalmente explora o humor inglês dos livros da multimilionária J.K. Rowling,o que faltava nos filmes anteriores;e também deixa o filme mais sombrio,assustador,fazendo Cálice de Fogo ser o melhor filme da cinesérie Harry Potter,com efeitos mais realistas,história mais condensada,fazendo um ótimo resumo das mais de 500 páginas do livro.




A única coisa que estraga o filme,ironicamente,é o Harry Potter.Daniel Radcliffe não sabe atuar,ele não consegue chorar,nem se expressar,ele só consegue falar e dar a aparência quase perfeita de um Harry Potter imaginário.Os seus colegas Emma Watson e Rupert Grint,Hermione e Rony,respectivamente,são dois adolescentes que já atuam muito bem,mesmo dramaticamente ou até fazendo humor,que é o caso de Rony Weasley e de seus irmãos Fred e George,que são detalhes a parte,ótimo !
Outro ator que rouba a cena é Ralph Fiennes que encara um Lorde Voldemort sem nariz,caricato e cínico !




A partir de agora só se espera o melhor dessa série milionária,porque como Hermione diz no final do filme,tudo vai mudar.Mas as mudanças já começaram no quarto filme.Eles não são mais crianças,o filme com certeza não é mais voltado para elas.Além de ser mais assustador,o filme tem fortes insinuações sexuais,na qual uma personagem fantasma,Murta que Geme,literalmente geme em cima de um Harry Potter ;além de morte gratuita !
Sem contar com dois integrantes do Radiohead e um do Pulp,fazendo a banda bruxa As Esquisitonas,compondo uma música feita especialmente para o filme.

11.12.05

De Jeca Tatu a Homer Simpson

Processo de
modernização
põe fim ao ciclo
histórico
do personagem
criado
por Monteiro Lobato,
exemplo acabado
de "homem cordial",
que foi
substituído
pelo joão-ninguém
do desenho da TV
norte-americana

FRANCISCO ALAMBERT
ESPECIAL PARA A FOLHA

Era uma vez um episódio da série "Os Simpsons" que causou comoção nacional. A família dos "típicos" americanos apatetados veio parar no Rio de Janeiro, andou entre macacos, miseráveis e traseiros avantajados. Foi quase um incidente de segurança nacional, mobilizando diplomatas, deputados e críticos culturais.Afinal, depois de oito anos de FHC, privatizações, aberturas à realidade contemporânea, gente chique em Brasília, poliglotas em casa de trogloditas, como é que pode Homer Simpson nos achincalhar?Mas nós já tínhamos a TV Globo para defender a "cultura brasileira". Mais recentemente a empresa fez até seminário em uma universidade católica paulista, com atores em mesas-redondas, sacando da manga Ariano Suassuna -que é quem sempre se saca quando se precisa de comédias de nacionalismo explícito. O circo estava armado. Guel Arraes, "Hoje É Dia de Maria", os lançamentos da Globofilmes, tudo veio para encher de cor local o esquema do lulismo neotucano: paz e amor, verde-e-amarelo, céu azul de brigadeiro para o prometido "espetáculo do crescimento". Há um dedinho de Homer nisso tudo.As más-línguas dizem que esse súbito amor telúrico tem mesmo a ver com empréstimos do BNDES (que William Bonner, segundo o artigo do professor Laurindo Leal Filho para a revista "Carta Capital", cita como exemplo de coisas que o brasileiro-Homer não é capaz de entender, sobretudo, penso eu, porque ninguém quer lhe explicar), mas o fato é que eles não estão sozinhos nessa maré. Defensores das originalidades nacionais andaram chiando com a moda do Halloween (há bons episódios da turma de Homer sacaneando o Halloween), opondo a essa importação indevida a figura de nosso tão típico Saci.

Brasileiro a ser superado
O Saci é uma entidade sacramentada pelo gênio nacional-desenvolvimentista de Monteiro Lobato: o negro sem-terra, decepado de uma perna, sofrido, mas muito irônico e atrevido (eu gosto bastante do Saci).O mesmo Lobato sacramentou o tipo ideal do brasileiro a ser superado na figura do Jeca Tatu, que é o que éramos até recentemente (pelo menos segundo gafe famosa de FHC). Salvo engano, a figuração socioistórica do Jeca era o "homem cordial" de Sérgio Buarque, que seria suprimido pelo processo de modernização. Enfim, o futuro chegou. De jecas nos tornamos homers simpsons.Enquanto a Globo exercita a sua sociologia histórica baseada em tipos ideais, a ordem econômica segue mais xiita que o FMI, a "globalização" na forma do financismo tucano segue incólume e o PIB segue ladeira a baixo.Mas os globalizados brasileiros da Globo, depois que o "cinema da retomada" exorcizou a "herança maldita" do cinema novo, pelo menos podiam "ver seu rosto" na seqüência lógica do bordão da era tucana: de gente que faz à gente que não desiste. E agora, quando voltava o Saci, vem o Bonner e diz que a gente que fez é no fundo a cara do Homer?De minha parte, não vejo muito mal nisso (eu gosto bastante do Homer também). Os Simpsons descendem do melhor que a televisão norte-americana criou como crítica radical de sua auto-imagem heróica.

Agente 86
Um de seus predecessores mais notáveis é o Agente 86, morto recentemente. Morreu na hora certa, já que a sátira do herói americano da CIA hoje é uma raridade, quase uma subversão. Só existe em um outro desenho, "American Dad" (a falta de sutileza do trocadilho sonoro é obra dos autores da série), que aliás passa no mesmo canal de TV a cabo que os Homers brasileiros não podem pagar para ver.Digam o que quiserem, mas, quando comparou o brasileiro médio (tucano ou lulista) com Homer, Bonner finalmente nos deu o aval que tanto esperávamos: entramos no Primeiro Mundo! Mas nosso lugar não é nem na Miami da era Collor nem na Washington do Consenso de Malan-Palocci. Somos sim parte dos campos da primavera, a Springfield dos monstrengos, bocós, sádicos e cínicos que vivem à sombra da catástrofe.

Cacos de sonhos
No momento em que Bonner nos fazia a revelação de nosso rosto e de nosso destino global para consumo próprio, seu jornal liberou três notícias em seqüência: um longo necrológio de (o ex-deputado) José Dirceu, uma breve notícia da CPI da Terra (na qual a direita latifundiária armou para fazer da constitucional invasão de terras improdutivas um ato de terrorismo como nem o presidente do país de Homer jamais imaginou) e o retrato mais bruto da barbárie, o incêndio de pessoas em ônibus no Rio que o bom Homer achincalhou tão docemente.Ou seja: o fim melancólico de uma esquerda de aparelho que desmontou a esquerda petista antes de morrer pela boca; as cenas explícitas de luta de classes, na qual o MST, que ainda apóia Lula, e os pobres mais pobres recebem a sua "guerra preventiva"; e o caos "puro" e simples.Não sei se Bonner colocaria esses acontecimentos no rol das "notícias complexas". Mas nem seu jornal (nem jornal nenhum), nem os defensores do Saci, nem as ONGs, nem os inteligentes descolados, ninguém junta uma coisa com a outra. Primeiramente porque, em tempos pós-modernos, juntar uma coisa com a outra é "marxista" demais, racional demais.Segundo porque talvez os pedaços não se juntem mais mesmo e sejam apenas isso: cacos reais de sonhos que se quebraram de tal modo que todas as imposturas, de Homer e de Bonner, são possíveis. Eis aqui o retrato do Brasil a golpes de dialética global: na época em que os cientistas sociais falam em "brasilianização" do mundo, a Globo milita pela homerização do Brasil enquanto a esquerda vira direita, a direita vira extrema direita e os pobres colocam fogo nos pobres. A verdade está nos desenhos da TV paga.

Francisco Alambert é professor de história social da arte e história contemporânea na USP. É autor, com Polyana Canhête, de "Bienais de São Paulo - Da Era do Museu à Era dos Curadores" (ed. Boitempo).
Folha de S. Paulo,11 de dezembro de 2005

5.12.05

Casa de Areia

Mãe
e filha
atuam num
dos filmes
mais
belos
já feitos

Família que comprou uma propriedade em meio do nada,são abandonados por amigos,tendo depois o patriarca morto.Aurea,grávida, tenta sobreviver num ambiente quente e árido com a mãe,já de idade.Conhecem Massum,pescador da região da “ilha”,única área verde do local.Assim,gerações passam e o ambiente continua o mesmo,mudando apenas as emoções de cada.A história começa no Maranhão em 1910 e termina em 1969.



Andrucha Waddington (Eu,tu, eles) dirige esposa e sogra sobre um roteiro simplório mas que surpreende num visual maravilhoso com atuações dignas,tanto a experiente Fernanda Montenegro,Fernanda Torres e Seu Jorge (o Mané Galinha de Cidade de Deus),que se empenha demasiadamente convincente.Numa fotografia vertiginosa adestrada numa trilha que só aparece no final: Prelude Opus 28, nº15 de Chopin.Excelente.




A história começa,curiosamente,onde filmes nacionais antigos que retratavam o exodo da seca no nordeste,fazendo com que familias inteiras saiam em busca de moradias melhores.Me perguntaram qual era a moral da história.Depende do ponto de vista.Aurea nunca abandonara as dunas,mesmo antes querendo isso acima de tudo.E no final,emocionadamente,descobre que não perdeu nada saindo de sua casa na areia e seu amor.


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