12.6.06

Invisible or How I Stop Loving Being Invisible and Hating it

Eu sou invisível.
As pessoas não podem me ver.
Não conseguem ver sob nenhum aspecto um garoto gordo, com 1,75, cabelos bagunçados aos ventos (é né), vestindo camisetas de desenhos animados de 2002, jeans ou moleton surrados, óculos com armação grossa e preta e fone no ouvido, segurando ou levando nas costas uma mochila cinza suja.

Eu simplesmente não sei porque sou invisível.
No boteco onde almoçava, sempre atrasavam meu comercial, passavam os outros na frente e não entregavam parte da comida.Nunca mais voltei lá.Descobri um restaurante vegetariano ótimo (caro também, por isso não sei onde vou almoçar hoje).

No ônibus as pessoas passam por mim, esbarrando forte, e as vezes até me batendo na cabeça, pisando no meu pé, e me arrastando com elas, sendo que estou parado na porta esperando pra descer.

Em outros lugares me senti invisível também, como por exemplo, escola ( na hora da chamada a professora erguia a cabeça para me achar, depois disso comecei a sentar na frente, algo totalmente nerd e loser); na fila do banco (as pessoas tentavam passar na minha frente, como se eu não estivesse lá) e também no cinema, onde as pessoas sentavam do meu lado, mas bem em cima da minha mochila cinza e suja (sim,meus objetos também são invisíveis).

O outro problema de ser invisível é que pessoas chatas são imunes a invisibilidade.
Elas sim conseguem me ver e vem conversar comigo.
A faxineira do trabalho, o segurança da loja, a grande maioria dos clientes, os caramelos (também conhecidos como velhos e anciões) no ônibus que sentam do meu lado e puxam papo, minha família e outras pessoas também chatas que vivem me cobrando algo.

Uma coisa que percebi é que eu posso desbloquear a visão das pessoas, fazendo com que elas me vejam.Acho que meus pensamentos exercem uma onda mental que faz com a visão da pessoa melhore OU eu me torno visível.
A partir que o tempo de convivência com as pessoas aumenta, elas vão me vendo,lentamente, percebendo que estou ali, observando elas, como um urubu a espreita de um alimento.Sim, estou te olhando, e você acabou de me ver.Legal né ?Sou invisível.
Deve ser uma evolução, um poder que ganhei, que necessita de treinamento para que desenvolva um controle sob minha invisibilidade.
Eu poderia voar, ter visão de raio-x, super-força, mas não, Murphy (deus) quer que eu seja invisível.
E isso é um saco.


Outra coisa que eu descobri (graças ao filme O Homem do Tempo), é que eu sou fast food:
sem nenhum valor nutricional, custa barato e as vezes você nem acaba de comer e joga fora.

Também sou um poodle toy anão.
É que uma cliente da locadora, tem um poodle toy anão, e descreveu
como cuida dele, como o poodle toy anão depende dela.
Dorme com ela, tem que dar comida na boca pra ele,então ela descreveu
a relação da minha mãe comigo.Não que eu ainda durma com ela e que ela me dá comida na boca,mas o que ela disse é espantosamente parecido comigo.
Freud tinha razão.A culpa é da minha mãe.
Ela está lá pra lembrar que a vida não é fácil.

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