Anteriormente em Season Finale...
Música do Ano: Quixote Feat. Lisa Li-Lund - Before I Started To Dance
The House of Desabation
Antes de o ano começar, eu já tinha antecipado seu fim, o que o deixaria muito curto e sem grandes novidades, com aproximadamente três meses de duração. Fiz o mesmo com o mês de dezembro do ano passado e logo percebi que minha precipitação e afobamento para o fim estavam errados. No que eu errei tentando adivinhar o que viria em seguida, eu acertei em 2009 – mas ainda assim algumas surpresas me foram reservadas.
Logo no segundo mês, a séria já contava com um acontecimento que justificava o nome que iria perpetuar pelo longo do ano: a casa caiu.
A negligencia sobre meus vícios fizeram minha família descobrir os mesmo. Na adrenalina de não saber o que iria acontecer em seguida me peguei desprevenido e assustado, num desespero incomum e uma solidão verdadeira que preencheram um vazio há muito tempo conhecido.
A mudança por trás desse episódio foi sutil: agora me tratam de outra forma, com medo de uma possível recaída e eu voltei a ser para eles objeto de admiração, graças a minha habilidade de superar diversidades e conquistando objetivos medíocres. De modo vitorioso não deixei que minha máscara caísse e sigo vivendo independentemente em relação à herança cristã familiar que reina a minha morada. Segredos tão pequenos meus... Só meus. Disso, e pela primeira vez numa terapia, cheguei à conclusão que convivo com duas personalidades distintas (Arnaldo e Mike) e só poderão se adaptar a uma persona quando ficar realmente sozinho – longe desse magnetismo familiar.
Tinha premeditado (e meu pessimismo crônico desejava) que 2009 terminaria logo após o show do Radiohead em março. E foi mais ou menos o que aconteceu se não fosse a necessidade da sobrevivência em meio a continuidade que se arrastaria.
Os shows foram o que eu poderia resumir como uma experiência religiosa, cheia de catarse. Ok, sem exageros: uma experiência realmente única. Para o primeiro show viajei para o Rio de Janeiro com um amigo e amei a cidade, ou o centro dela para ser mais especifico. Três dias foi muito pouco para tentar sentir tudo que aquele caldeirão no inferno pode significar. Desde seu passado sórdido a seu presente de guerrilhas e violência incessantes. Nos shows, overdose de emoções: “havia momentos que eu queria que tudo terminasse, porque não agüentava mais me emocionar” – palavras de um amigo para me ajudar a nos expressar durante o segundo show, em São Paulo. A série poderia terminar aí (no fundo terminou), mas ainda tinha nove meses pela frente, eu estava desempregado e tinha um curso para terminar de pagar. Depois de algumas tentativas frustrantes encontrei um emprego fixo que por incrível que pareça não me entedia (e obviamente, não me satisfaz por completo) e consegui me formar.
Perto do final do ano, a casa caiu de novo: três personagens essenciais da série saíram como regulares para (re)começaram uma vida nova, com aparentes melhores oportunidades num cenário novo, coadjuvantes diferentes, num núcleo a parte de onde estávamos acostumados. O spin-off pegou a todos de surpresa e por algum tempo eu não conseguia entender por completo o afastamento do meu melhor amigo e questionava sua futura ausência torcendo que ele voltasse a trás da decisão de forma egoísta (não estava mentindo para mim mesmo) como se eu torcesse para seu fracasso e infelicidade, para ao menos estar ao meu lado quando EU precisasse.
Até que num sonho ele me disse que ia ser “poeta sem nota fiscal” e me dei conta, passando mais tempo com ele, que ele sempre foi (e vai ser) um estrangeiro em qualquer lugar que ficasse. Essa nova percepção me fez entende-lo melhor, estávamos juntos por algo insuperável, uma sombra de acontecimentos importantes. E nessa sombra nos destacávamos.
Muitas pontas soltas a serem coletadas ainda nos esperam (a todos nós). Pensei em como resumir o ano assim como fazia nas season finales anteriores, mas não consigo chegar a uma conclusão que faça sentido. Mas amo muito isso: foi um ano sem sentido aparente, onde adaptei lucidez com loucura, insanidade com racionalidade, vícios com princípios, pessoas, lugares, cheiros, sabores, sensações, e antes que eu começasse a dançar, senti as folhas de relva crescerem sob meus pés, se transformando em algo único, e tudo dentro dessa cidade de noites quentes e escarlates, onde tudo é permitido e nada é verdadeiro.
To be continued...
Só o empirismo e a necessidade salvam! Adaptação. Sempre.
31.12.09
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Um comentário:
Ótimo Texto, algo bem Vc.
Meu ano acabou defnitivamente pós Radiohead... passei o resto dele dizendo que o último dia que fui feliz foi dia 22/03/09...engraçado que fará 1 ano e o sentimento é o mesmo.
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