Anteriormente em Season Finale
Do meio do ano pra cá coloquei na minha cabeça que esse foi o ano da dor. Foi o ano em que eu percebi que a única coisa que não tem oposto é a dor. A dor é concreta porque todos sentimos. A dor é um sentimento? A dor é um sentimento físico. Então também posso afirmar que foi um ano repleto de sentimentos, doloridos ou não. Minhas dores começaram onde me sentia mais livre: minha mente. E se alastraram pelos lugares ao meu redor: escola, trabalho e casa, principalmente casa.
No trabalho minha insatisfação, tédio e claustrofobia pela rotina foram brevemente esquecidas por uma paixonite aguda que se somou com um término de medicamentos resultando numa equação de desespero. Adicione uma vida acadêmica sem futuro e uma família tão solitária que me fazia não ter uma visão digna de mim mesmo e do que estava construindo para mim, me fazendo ser. Ser. E foi. A dor física apareceu logo depois, tive alucinações febris encantadoras que me fizeram perceber toda a interessante filosofia da dor.
Não acredito em inferno astral, mas se existisse certamente acabou no dia do meu aniversario, logo pela manhã aconteceu algo que nunca vou esquecer: abraçando minha vó que não lembrava mais da data do meu nascimento, a abracei e chorei tudo que não chorei nesses meses de desespero e dor.
Desse momento em diante, minha vida acadêmica mudou para melhor e não tive tempo de pensar em outras coisas como por exemplo me sentir infeliz. Mas claro, sempre sobrava um tempinho. Em alguns meses aprendi mais do que aprendera nos últimos 2 anos. Fica aqui meu eterno agradecimento pelo mestre.
A situação em casa piora a cada dia que passa e infelizmente sei quando vai terminar porém ironicamente não quero que termine dessa forma, mas é a única forma que pode terminar e vai terminar para todos. A única certeza da vida.
Entregue os trabalhos da escola comecei a desejar feliz ano novo para todos em novembro, pensando que era só esperar um mês e pular de ano facilmente. Mas não. Muita coisa aconteceu nesse mês que acaba agora junto com essa temporada. Voltando das férias, me demitiram. Voltei para casa tomando sorvete, caminhando e cantando junto com uma música. O alívio foi grande e vou deixar para me preocupar (se preocupar) depois de março, depois do show da minha vida.
Nesses últimos 30 dias o empirismo reinou sobre mim. Experências valiosas foram feitas, momentos foram eternizados e aprendi muito mais sobre o que eu sou, como sou e como ajo. Mas ainda não é amor a primeira vista.
Só o empirismo e a necessidade salvam! Adaptação. Sempre.
23.12.08
19.12.08
18.12.08
Vaso
Hoje finalmente percebi o que muitos me diziam por olhares.
Finalmente percebi o quanto afasto todos ao meu redor.
Todos.
A aproximação me faz correr para longe, para lugar nenhum.
Não há necessidades de motivos, não pensei nos motivos, não penso. Ajo.
Sou solitário por ser miserável ou sou miserável por ser solitário?
Finalmente percebi o quanto afasto todos ao meu redor.
Todos.
A aproximação me faz correr para longe, para lugar nenhum.
Não há necessidades de motivos, não pensei nos motivos, não penso. Ajo.
Sou solitário por ser miserável ou sou miserável por ser solitário?
30.11.08
Porque sou pior que ontem X
[ Elevador - 14º andar ]
- Então, como foi que ela te disse ?
- Ela me disse que a empresa está numa situação difícil devido a crise... daí ela me demitiu...
- Ah...poxa
- Pois é...enfim...não sei se é bem isso, acho que era algo que eles queriam que eu ouvisse...
...
- Ah, mas você pode colocar em prática aquele seu projeto com sua amiga!
- Qual projeto ?
- Aquele de vender camisetas na rua!
No passado, o povo oprimido criou o ressentimento
- Então, como foi que ela te disse ?
- Ela me disse que a empresa está numa situação difícil devido a crise... daí ela me demitiu...
- Ah...poxa
- Pois é...enfim...não sei se é bem isso, acho que era algo que eles queriam que eu ouvisse...
...
- Ah, mas você pode colocar em prática aquele seu projeto com sua amiga!
- Qual projeto ?
- Aquele de vender camisetas na rua!
No passado, o povo oprimido criou o ressentimento
15.11.08
Morte e Vida Sertralina XI
Quem II
As vezes me pergunto como vai ser quando isso terminar. Quando acabar essa fase, essa passagem, essa experiência. Quem eu vou ser depois disso ? Por mais difícil que seja, você se acostuma. Não ligo de ver mais ela andando pelada por aí assim como não ligo de acordar com esse forte cheiro de mijo. Mas há coisas que eu ainda não me acostumei. A ausência de duas filhas na ajuda pelo que está acontecendo com ela. Poucos se sacrificam ajudando ela. Não é algo que eu espero cobrar - faço isso por ela, somente por ela, que já fez muito por mim. Não me acostumei com a forma agressiva que minha mãe trata ela; gritando sem entender que ela não tem o controle dela mesma, que ela as vezes acorda atordoada e as vezes se sente prisioneira. E pela primeira vez ela não sabia quem eu era. Agarrava com força minhas mãos, como se eu fosse agredi-la, depois que consegui me soltar ela me chamou olhando para o corredor que leva para a cozinha, e eu na frente dela respondi que estava aqui - não me acostumei com isso.
Muitas vezes eu saio para me livrar desse demônio familiar. Uso meios para, por um breve momento, esquecer de tudo que se passa em casa - não que eu culpe os outros pelo que faço, não são motivos. Mas são minhas valvulas de escape.
Quando isso acabar de vez me pergunto o que mais me prenderia a minha família. Com o tempo vamos nos separar. Todos. Já que o que deveria nos unir cada vez está nos deixando exaustos, de mente e corpo. Mas mesmo longe, mesmo separados e distantes estamos todos juntos pois nós dividimos a saúde de nossa mãe.
"E agora, meus amigos, façamos votos para que o demônio familiar de nossas casas desapareça um dia, deixando o nosso lar doméstico protegido por deus e por esses anjos tutelares que, sob as formas de mães, de esposa e de irmãs, velarão sobre a felicidade de nossos filhos!..."
O Demônio Familiar, José de Alencar
As vezes me pergunto como vai ser quando isso terminar. Quando acabar essa fase, essa passagem, essa experiência. Quem eu vou ser depois disso ? Por mais difícil que seja, você se acostuma. Não ligo de ver mais ela andando pelada por aí assim como não ligo de acordar com esse forte cheiro de mijo. Mas há coisas que eu ainda não me acostumei. A ausência de duas filhas na ajuda pelo que está acontecendo com ela. Poucos se sacrificam ajudando ela. Não é algo que eu espero cobrar - faço isso por ela, somente por ela, que já fez muito por mim. Não me acostumei com a forma agressiva que minha mãe trata ela; gritando sem entender que ela não tem o controle dela mesma, que ela as vezes acorda atordoada e as vezes se sente prisioneira. E pela primeira vez ela não sabia quem eu era. Agarrava com força minhas mãos, como se eu fosse agredi-la, depois que consegui me soltar ela me chamou olhando para o corredor que leva para a cozinha, e eu na frente dela respondi que estava aqui - não me acostumei com isso.
Muitas vezes eu saio para me livrar desse demônio familiar. Uso meios para, por um breve momento, esquecer de tudo que se passa em casa - não que eu culpe os outros pelo que faço, não são motivos. Mas são minhas valvulas de escape.
Quando isso acabar de vez me pergunto o que mais me prenderia a minha família. Com o tempo vamos nos separar. Todos. Já que o que deveria nos unir cada vez está nos deixando exaustos, de mente e corpo. Mas mesmo longe, mesmo separados e distantes estamos todos juntos pois nós dividimos a saúde de nossa mãe.
"E agora, meus amigos, façamos votos para que o demônio familiar de nossas casas desapareça um dia, deixando o nosso lar doméstico protegido por deus e por esses anjos tutelares que, sob as formas de mães, de esposa e de irmãs, velarão sobre a felicidade de nossos filhos!..."
O Demônio Familiar, José de Alencar
13.9.08
Morte e Vida Sertralina X
Quem
Tenho que dar um curso, já faço o bastante e trabalho muito, tenho dois filhos pra criar, não paro mais em casa, só quero me divertir, ela não pode ficar sozinha, fecha em cima e embaixo e apaga a luz, fecha o gás, não esquece de fechar em cima, sábado não vai dar, ela nunca mais apareceu aqui, ingrata, só sobra pra mim, eu pago a luz e água, já comprei os remédios, fechou tudo?, desculpa, qualquer coisa você me chama, apaga a luz e sai daqui, como tá a mãe?, o que eu vou fazer?, ela não pode ficar sozinha, não esqueça os remédios, ela já tomou o da janta?, arruma ela que to passando ai, tava uma belezinha, tranquila, ai meu deus chama o resgate, quer ir no banheiro?, mãe, aqui, boa noite, ela já fez tanto por nós, eu já fiz muito por ela, ela não faz nada por ela, vamos todos ficar assim, só vai piorar, pra onde você vai?, como ela tá hoje?, você fica com ela?, ai não to mais aguentando, vou ter que colocar ela pra morar comigo, vamos ter que interna-la, com quem você vai?, eu não sei quais são os remédios certos, venha para cá, que horas você volta?, deixa ela, ela me disse que meu lugar é no inferno, acordou toda mijada, o olho dela tá muito vermelho, ela não vai conseguir andar até lá, amanhã cedo eu vou sair, vou trancar a porta, nívea já chegou?, perdeu as chaves, cadê as chaves?!, eu arrumei tudinho hoje, não vai falar comigo?, a gente vai sentir falta quando ela se for, ela não tomou banho hoje tira aquelas roupas que ela enrolou, esse quarto tá fedendo a mijo, abra as janelas, apaga a luz, olha a conta, eu já faço o bastante, ela não pode ficar sozinha, ela pegou uma faca e quis matar o passarinho, liga a tv e deixa ela ver, tá dormindo, tá almoçando, tá na área, tá nervosa, tá muito esquecida, tá calma, tá trancada no banheiro, deita ai, deixa eu te ajudar, vou te cobrir, assim, boa noite.
Tenho que dar um curso, já faço o bastante e trabalho muito, tenho dois filhos pra criar, não paro mais em casa, só quero me divertir, ela não pode ficar sozinha, fecha em cima e embaixo e apaga a luz, fecha o gás, não esquece de fechar em cima, sábado não vai dar, ela nunca mais apareceu aqui, ingrata, só sobra pra mim, eu pago a luz e água, já comprei os remédios, fechou tudo?, desculpa, qualquer coisa você me chama, apaga a luz e sai daqui, como tá a mãe?, o que eu vou fazer?, ela não pode ficar sozinha, não esqueça os remédios, ela já tomou o da janta?, arruma ela que to passando ai, tava uma belezinha, tranquila, ai meu deus chama o resgate, quer ir no banheiro?, mãe, aqui, boa noite, ela já fez tanto por nós, eu já fiz muito por ela, ela não faz nada por ela, vamos todos ficar assim, só vai piorar, pra onde você vai?, como ela tá hoje?, você fica com ela?, ai não to mais aguentando, vou ter que colocar ela pra morar comigo, vamos ter que interna-la, com quem você vai?, eu não sei quais são os remédios certos, venha para cá, que horas você volta?, deixa ela, ela me disse que meu lugar é no inferno, acordou toda mijada, o olho dela tá muito vermelho, ela não vai conseguir andar até lá, amanhã cedo eu vou sair, vou trancar a porta, nívea já chegou?, perdeu as chaves, cadê as chaves?!, eu arrumei tudinho hoje, não vai falar comigo?, a gente vai sentir falta quando ela se for, ela não tomou banho hoje tira aquelas roupas que ela enrolou, esse quarto tá fedendo a mijo, abra as janelas, apaga a luz, olha a conta, eu já faço o bastante, ela não pode ficar sozinha, ela pegou uma faca e quis matar o passarinho, liga a tv e deixa ela ver, tá dormindo, tá almoçando, tá na área, tá nervosa, tá muito esquecida, tá calma, tá trancada no banheiro, deita ai, deixa eu te ajudar, vou te cobrir, assim, boa noite.
2.9.08
Café
O café aqui tem gosto de queimado. Ele é feito pela cafeteira mas tem personalidade. Já vi mais de duas pessoas adicionando água no café depois de colocar no copinho plástico, sempre estranhei isso. O café daqui sempre foi ruim, mas só agora percebi isso, acho que com o tempo fui desacostumando, assim como meu trabalho.
31.8.08
Morte e Vida Sertralina IX
Vivendo em Barras
Como se já não bastasse esse gosto ruim na boca, esses óculos engordurados, essa falta de tato, não ouço bem. Meu pessimismo me provoca: não há nada para ser ouvido. Você está sozinho, apague a luz, baixe o som, acesse qualquer site de putaria e se masturbe, vá dormir relaxado porque amanhã vai ser pior.
Como se já não bastasse esse gosto ruim na boca, esses óculos engordurados, essa falta de tato, não ouço bem. Meu pessimismo me provoca: não há nada para ser ouvido. Você está sozinho, apague a luz, baixe o som, acesse qualquer site de putaria e se masturbe, vá dormir relaxado porque amanhã vai ser pior.
10.8.08
Perto de Mim
{Eu, desiludido, frustrado, em busca de uma aceitação desnecessária, amargo, cheio de angustia, de cabeça baixa, respiração ofegante, cansado de tudo ao meu redor.O que eu faço ? Nada!Sou um covarde, um idiota, destruo tudo que toco, patético, perdedor.Hoje é o primeiro dia do resto da minha vida, ah, sou um clichê ambulante.Se eu apenas deixasse de adiar as coisas eu seria mais feliz.Mas isso não iria me mudar, um gordo grotesco.Eu não usaria essas camisetas largas, como se isso adiantasse alguma coisa.Por que eu sinto que pedir desculpas pela minha existência?}
Descendo a rua com pressa, uma pressa frequente, ele passa em frente a um bar e pensa
duas vezes antes de entrar, tem que chegar o mais rápido até o hospital.A luz vermelha de um supermercado toma conta dessa rua suja, onde poucos carros passam, as pessoas andam apressadamente por ela com tranquilidade.Olhando no relógio sem parar, ele sente o celular vibrar.Tira o fone do ouvido.
- Onde você está Arnaldo ?
- To chegando, to chegando - diz ofegante - Tive que fazer um negócio antes.Mas to perto, já mandei minha mãe pra lá.
- Ela já chegou, pelo menos ela.
- Escuta, perai, não to ouvindo direito - desliga o telefone e apressa o passo, mas depois volta a caminhar com pressa regular.
Completamente vencido, sem vontades pessoais, sua aparência lembra alguém que não se preocupa com nada, muito menos com sua estética.A barba falha, os olhos caídos, óculos sujos e pele oleosa é o cartão de visita dessa pessoa que trabalha de qualquer coisa. Aos 35 anos, Arnaldo é completamente diferente de como era há quinze anos. Distante dos amigos da época, alguns já mortos, Arnaldo já não tem nenhum conhecido por perto, só lhe resta sua mãe.Seus amigos próximos debandaram-se atrás de sonhos pessoais onde ele não fazia parte dos planos, sua família foi se separando através dos anos, só vendo suas tias,tios, primos em datas festivas, mas não em todas.O que Arnaldo sequer foi um dia, nunca mais voltará a ser. Primeiro desistiu de perseguir seus sonhos, em seguida desistiu de te-los; vivia apenas para sobreviver, enquanto a morte não chegava.Era visto como uma chance falha pelos olhos familiares e olhos que já foram amigáveis. Mas algo o fez persistir um pouco mais.Apareceu uma razão.Uma razão que ele sempre prometera não ter, uma razão acidental,
uma razão viva.O celular vibra.Uma, duas, três, quatro vezes.
- Oi.
- Onde você está ?
- To aqui no centro, mãe.Como ela tá ?
- Tá bem, pode nascer a qualquer momento.
- Diz que eu to chegando...apesar que não vai fazer muita diferença se eu estiver ai.
- Não diga isso...Você tem que estar aqui, não pode perder o nascimento da sua filha.
- Eu sei, eu sei...to chegando...ele tá ai também ?
- Ela veio com ele...não arrume confusão.
- Não, não! Tchau, beijo.
Nove meses atrás, Arnaldo reencontrou alguém que ele já amou muito, uma das poucas pessoas , uma das únicas. Por alguma razão, ou sem qualquer razão, os dois ficaram por algumas noites.Desespero da parte dela ? Pena ? Remorço ? Arnaldo nunca soube o que a motivou para te-lo por alguns dias, já que Arnaldo estava acostumado a pagar por prazer. Como sempre fez em qualquer tentativa de relacionamento, ele estragou tudo.A relação que no passado nunca aconteceria, se desfez tão rápido como a surpresa que o pegou. Por um momento, nesses poucos dias de amor que deveria ter durado anos, ele estava feliz, não era uma felicidade química com que estava acostumado, nem uma felicidade falsa, que se esconde atrás de uma rotina sem aparentes falhas, mas uma felicidade que o fez repensar em como enxergar a vida.Mas Arnaldo sempre teve razão, a felicidade é química e tem curta duração. Os dois brigaram, ficou subentendido pela terceira vez que nunca mais iriam se ver, se falar.Duas semanas depois, Arnaldo recebeu um telefonema.
- Onde você está ?
- Já falei que to chegando!
- Eu nem sei porque ainda to ligando pra você, a companhia dela já está aqui cuidando dela.
- Escuta, olha, ela é minha filha, minha, eu to chegando, saco!
A insistência vergonhosa de Arnaldo em recomeçar o relacionamento obviamente não deu certo. "O que aconteceu entre nós foi um erro" ele ouviu da boca que já amara outras vezes. Arnaldo optou pelo aborto, ela lhe deu um tapa na cara. "Eu vou ter esse filho, sozinha, você vai poder ve-lo sempre que quiser, não precisa ajudar com nada". Arnaldo como sempre, sentiu o gosto da verdade.Não era um gosto bom, mas ficou na boca dele por muito tempo. Para enganar esse gosto entrou num bar e pediu seu drink favorito, tirando algumas moedas da mochila, pagou. Colocou pra dentro e foi embora, tinha que chegar até o hospital. Quando soube da notícia, sua mãe ficou muito surpresa. Era algo que ela não tinha mais esperança.Não gostou da
situação que ele criara em volta do relacionamento, mas era algo a se esperar do filho único."Você não está sozinho, tá" ouviu as palavras mais bonitas e falsas que a mãe já dissera a ele. A gestante permitiu com toda bondade a entrada de sua mãe em sua vida.Finalmente se conheceram, se tornaram íntimas, e ela percebeu claramente que nada que moldou esse homem que a engravidou foi culpa da mãe do mesmo. Dezoito chamadas não atendidas.Chegou ao hospital, pegou a credencial e subiu até a maternidade. Na sala de espera encontrou a mãe.
- Elas já foram, eu fiquei pra te esperar.
- Merda.
- Ela é linda, parece tanto com você - os olhos dela vermelhos, úmidos.
- Tadinha, o que importa é a saúde - disfarçou o nervosismo - Onde ela foi? Pra casa dela?
- Sim, ela disse que os amigos iam recebe-los.
- Quem levou eles ?
- Ele mesmo...
- Então vamos pra lá.
Durante esses nove meses ela já tinha arranjado alguém.Aos olhos dela, tão superior a Arnaldo que ele prometeu ajudar com tudo, era bonito, atencioso e bem sucedido.Arnaldo encontrara com ele apenas três vezes e não foi com a cara dele, na primeira vez questionou se ele a criaria como se fosse sua filha, na segunda perguntou o que ele estava fazendo ali e na terceira o comprimentou com cara de poucos amigos, mas já acostumado com a situação, como se pudesse vence-lo ou até se comparar a uma pessoa como ele. No caminho conversaram sobre sua vida.Arnaldo ficou mudo a maior parte do tempo.Estava muito nervoso. Nunca pensou que este momento estava tão perto dele. Chegando na casa da família da mãe de sua filha, deu de cara com a mãe dela:
- Escuta, não quero brigar, só quero ver minha filha.
Comprimentou as pessoas com vergonha, o irmão dela, e foi até o quarto, onde ela estava.
Encostada na cama, com o outro ao seu lado e uma parente que saiu depressa, estava em seus braços sua filha. Aquele vazio eterno no coração frio de Arnaldo parou.Sua respiração normalmente ofegante quase cessou de uma vez. Umideceu os lábios e tentou sorrir, saiu algo medonho.Queria que sua cabeça na porta fosse um sonho.
- Sua filha, Arnaldo.Que bom que você veio.
A menina era branquinha, tinha a boca dele, e os olhos verdes dos dois, cabelos castanho claro.Não parecia um bebê de comercial de fraldas, Arnaldo respirou aliviado.Era linda.Como alguém com essa beleza foi resultado de um material tão repugnante que era Arnaldo.
Ele fez um gesto com as mãos para segurá-la e a pegou nos braços. Tão pequena, tão limpa que Arnaldo quis devolve-la pra a mãe logo, para não sujá-la. Ele percebeu que os outros viam suas lágrimas como lágrimas falsas, lágrimas de desculpa, de entrega, de dívida, lágrimas que pedem perdão e dão razão as pessoas que a observam, lágrimas que choram por ninguém, mas ele não ligou para isso. Estava dentro de uma sensação eterna, confortável; que nada iria arruinar o momento, estava sendo observado por olhos que não viam nada há poucos momentos,e que agora já veem tudo. "O amor que você receberá talvez não venha da direção que você está fitando", sussurou. Tinha a filha perto dele pela primeira e última vez.
Descendo a rua com pressa, uma pressa frequente, ele passa em frente a um bar e pensa
duas vezes antes de entrar, tem que chegar o mais rápido até o hospital.A luz vermelha de um supermercado toma conta dessa rua suja, onde poucos carros passam, as pessoas andam apressadamente por ela com tranquilidade.Olhando no relógio sem parar, ele sente o celular vibrar.Tira o fone do ouvido.
- Onde você está Arnaldo ?
- To chegando, to chegando - diz ofegante - Tive que fazer um negócio antes.Mas to perto, já mandei minha mãe pra lá.
- Ela já chegou, pelo menos ela.
- Escuta, perai, não to ouvindo direito - desliga o telefone e apressa o passo, mas depois volta a caminhar com pressa regular.
Completamente vencido, sem vontades pessoais, sua aparência lembra alguém que não se preocupa com nada, muito menos com sua estética.A barba falha, os olhos caídos, óculos sujos e pele oleosa é o cartão de visita dessa pessoa que trabalha de qualquer coisa. Aos 35 anos, Arnaldo é completamente diferente de como era há quinze anos. Distante dos amigos da época, alguns já mortos, Arnaldo já não tem nenhum conhecido por perto, só lhe resta sua mãe.Seus amigos próximos debandaram-se atrás de sonhos pessoais onde ele não fazia parte dos planos, sua família foi se separando através dos anos, só vendo suas tias,tios, primos em datas festivas, mas não em todas.O que Arnaldo sequer foi um dia, nunca mais voltará a ser. Primeiro desistiu de perseguir seus sonhos, em seguida desistiu de te-los; vivia apenas para sobreviver, enquanto a morte não chegava.Era visto como uma chance falha pelos olhos familiares e olhos que já foram amigáveis. Mas algo o fez persistir um pouco mais.Apareceu uma razão.Uma razão que ele sempre prometera não ter, uma razão acidental,
uma razão viva.O celular vibra.Uma, duas, três, quatro vezes.
- Oi.
- Onde você está ?
- To aqui no centro, mãe.Como ela tá ?
- Tá bem, pode nascer a qualquer momento.
- Diz que eu to chegando...apesar que não vai fazer muita diferença se eu estiver ai.
- Não diga isso...Você tem que estar aqui, não pode perder o nascimento da sua filha.
- Eu sei, eu sei...to chegando...ele tá ai também ?
- Ela veio com ele...não arrume confusão.
- Não, não! Tchau, beijo.
Nove meses atrás, Arnaldo reencontrou alguém que ele já amou muito, uma das poucas pessoas , uma das únicas. Por alguma razão, ou sem qualquer razão, os dois ficaram por algumas noites.Desespero da parte dela ? Pena ? Remorço ? Arnaldo nunca soube o que a motivou para te-lo por alguns dias, já que Arnaldo estava acostumado a pagar por prazer. Como sempre fez em qualquer tentativa de relacionamento, ele estragou tudo.A relação que no passado nunca aconteceria, se desfez tão rápido como a surpresa que o pegou. Por um momento, nesses poucos dias de amor que deveria ter durado anos, ele estava feliz, não era uma felicidade química com que estava acostumado, nem uma felicidade falsa, que se esconde atrás de uma rotina sem aparentes falhas, mas uma felicidade que o fez repensar em como enxergar a vida.Mas Arnaldo sempre teve razão, a felicidade é química e tem curta duração. Os dois brigaram, ficou subentendido pela terceira vez que nunca mais iriam se ver, se falar.Duas semanas depois, Arnaldo recebeu um telefonema.
- Onde você está ?
- Já falei que to chegando!
- Eu nem sei porque ainda to ligando pra você, a companhia dela já está aqui cuidando dela.
- Escuta, olha, ela é minha filha, minha, eu to chegando, saco!
A insistência vergonhosa de Arnaldo em recomeçar o relacionamento obviamente não deu certo. "O que aconteceu entre nós foi um erro" ele ouviu da boca que já amara outras vezes. Arnaldo optou pelo aborto, ela lhe deu um tapa na cara. "Eu vou ter esse filho, sozinha, você vai poder ve-lo sempre que quiser, não precisa ajudar com nada". Arnaldo como sempre, sentiu o gosto da verdade.Não era um gosto bom, mas ficou na boca dele por muito tempo. Para enganar esse gosto entrou num bar e pediu seu drink favorito, tirando algumas moedas da mochila, pagou. Colocou pra dentro e foi embora, tinha que chegar até o hospital. Quando soube da notícia, sua mãe ficou muito surpresa. Era algo que ela não tinha mais esperança.Não gostou da
situação que ele criara em volta do relacionamento, mas era algo a se esperar do filho único."Você não está sozinho, tá" ouviu as palavras mais bonitas e falsas que a mãe já dissera a ele. A gestante permitiu com toda bondade a entrada de sua mãe em sua vida.Finalmente se conheceram, se tornaram íntimas, e ela percebeu claramente que nada que moldou esse homem que a engravidou foi culpa da mãe do mesmo. Dezoito chamadas não atendidas.Chegou ao hospital, pegou a credencial e subiu até a maternidade. Na sala de espera encontrou a mãe.
- Elas já foram, eu fiquei pra te esperar.
- Merda.
- Ela é linda, parece tanto com você - os olhos dela vermelhos, úmidos.
- Tadinha, o que importa é a saúde - disfarçou o nervosismo - Onde ela foi? Pra casa dela?
- Sim, ela disse que os amigos iam recebe-los.
- Quem levou eles ?
- Ele mesmo...
- Então vamos pra lá.
Durante esses nove meses ela já tinha arranjado alguém.Aos olhos dela, tão superior a Arnaldo que ele prometeu ajudar com tudo, era bonito, atencioso e bem sucedido.Arnaldo encontrara com ele apenas três vezes e não foi com a cara dele, na primeira vez questionou se ele a criaria como se fosse sua filha, na segunda perguntou o que ele estava fazendo ali e na terceira o comprimentou com cara de poucos amigos, mas já acostumado com a situação, como se pudesse vence-lo ou até se comparar a uma pessoa como ele. No caminho conversaram sobre sua vida.Arnaldo ficou mudo a maior parte do tempo.Estava muito nervoso. Nunca pensou que este momento estava tão perto dele. Chegando na casa da família da mãe de sua filha, deu de cara com a mãe dela:
- Escuta, não quero brigar, só quero ver minha filha.
Comprimentou as pessoas com vergonha, o irmão dela, e foi até o quarto, onde ela estava.
Encostada na cama, com o outro ao seu lado e uma parente que saiu depressa, estava em seus braços sua filha. Aquele vazio eterno no coração frio de Arnaldo parou.Sua respiração normalmente ofegante quase cessou de uma vez. Umideceu os lábios e tentou sorrir, saiu algo medonho.Queria que sua cabeça na porta fosse um sonho.
- Sua filha, Arnaldo.Que bom que você veio.
A menina era branquinha, tinha a boca dele, e os olhos verdes dos dois, cabelos castanho claro.Não parecia um bebê de comercial de fraldas, Arnaldo respirou aliviado.Era linda.Como alguém com essa beleza foi resultado de um material tão repugnante que era Arnaldo.
Ele fez um gesto com as mãos para segurá-la e a pegou nos braços. Tão pequena, tão limpa que Arnaldo quis devolve-la pra a mãe logo, para não sujá-la. Ele percebeu que os outros viam suas lágrimas como lágrimas falsas, lágrimas de desculpa, de entrega, de dívida, lágrimas que pedem perdão e dão razão as pessoas que a observam, lágrimas que choram por ninguém, mas ele não ligou para isso. Estava dentro de uma sensação eterna, confortável; que nada iria arruinar o momento, estava sendo observado por olhos que não viam nada há poucos momentos,e que agora já veem tudo. "O amor que você receberá talvez não venha da direção que você está fitando", sussurou. Tinha a filha perto dele pela primeira e última vez.
30.7.08
Morte e Vida Sertralina VIII
De carona
- Uma pessoa só pode se dar ao prazer de desfrutar de um vício só depois de ter algo na vida.Se uma pessoa não tem nada, tem filho pra criar, um emprego de bosta, nada na vida, não pode se dar ao luxo de ter um vício.
{Falando do ex-namorado, a discussão começou com uma pergunta: vc acha ruim tem namorado beber um copo de cerveja por dia, já que você as vezes fuma cigarro escondido?}
- Mas e se olhando pra essa pessoa que não tem nada que a sociedade mostra para ele que é bom ter, e essa pessoa se sente mal com isso, com essa falta de compromisso que a sociedade tanto cobra ?
{Eu a questionando}
- Não, porque a pessoa que não tem nada é porque não trabalha, não tem pai nem mãe, um exemplo, não tem o direito de ter algo que a reconforte!
{De dando de exemplo: só porque eu tenho mãe e família, moro com eles, não pago aluguel, não tenho problemas maiores que isso, dores maiores que eu não possa desfrutar de um vício, talvez, não rotulando isso com o um vício, como algo amoral?}
- E outra, eu consumo o que consumo, sei de consciência que é ruim, que é horrível, mas tento tirar isso o melhor proveito eu uso isso pra me conectar com Deus, para expandir meus sentidos...
{Outra Voz}
- Vocês estão se inspirando em pessoas próximas a você.Vamos pegar um mendigo como exemplo, que pede esmola (um vício), bebe quando tem dinheiro (um vicio), quando acha drogas não desperdiça, voce acha que essa pessoa não sofre de problemas maiores ? Quem vai lá ajuda-lo a começar a lutar pra ter algo na vida, a se estabelecer ? Você ? Deus ? Ninguém."Um vício justifica tudo."
{Eu, rebatendo}
- Pode me deixar aqui óh, minha casa é essa.
{Eu, saindo do carro, enquanto nos viciávamos}
"E aquele homem, o que ele tem?
Se não ele, então ele não é nada.
Para dizer palavras que ele realmente sinta;
e não palavras de alguém que se ajoelha."
Paul Anka - My Way, eternizada por Sinatra
Ah! As sutilezas do civismo foram substituídas pelo rigor do moralismo. Poderíamos imaginar uma sociedade na qual a prevenção tivesse sido a arma da boa convivência, mas a discriminação exacerbada parece permanecer como regra essencial da manutenção da comunidade.
(O Último Cigarro - Henri-Pierre Jeudy)
- Uma pessoa só pode se dar ao prazer de desfrutar de um vício só depois de ter algo na vida.Se uma pessoa não tem nada, tem filho pra criar, um emprego de bosta, nada na vida, não pode se dar ao luxo de ter um vício.
{Falando do ex-namorado, a discussão começou com uma pergunta: vc acha ruim tem namorado beber um copo de cerveja por dia, já que você as vezes fuma cigarro escondido?}
- Mas e se olhando pra essa pessoa que não tem nada que a sociedade mostra para ele que é bom ter, e essa pessoa se sente mal com isso, com essa falta de compromisso que a sociedade tanto cobra ?
{Eu a questionando}
- Não, porque a pessoa que não tem nada é porque não trabalha, não tem pai nem mãe, um exemplo, não tem o direito de ter algo que a reconforte!
{De dando de exemplo: só porque eu tenho mãe e família, moro com eles, não pago aluguel, não tenho problemas maiores que isso, dores maiores que eu não possa desfrutar de um vício, talvez, não rotulando isso com o um vício, como algo amoral?}
- E outra, eu consumo o que consumo, sei de consciência que é ruim, que é horrível, mas tento tirar isso o melhor proveito eu uso isso pra me conectar com Deus, para expandir meus sentidos...
{Outra Voz}
- Vocês estão se inspirando em pessoas próximas a você.Vamos pegar um mendigo como exemplo, que pede esmola (um vício), bebe quando tem dinheiro (um vicio), quando acha drogas não desperdiça, voce acha que essa pessoa não sofre de problemas maiores ? Quem vai lá ajuda-lo a começar a lutar pra ter algo na vida, a se estabelecer ? Você ? Deus ? Ninguém."Um vício justifica tudo."
{Eu, rebatendo}
- Pode me deixar aqui óh, minha casa é essa.
{Eu, saindo do carro, enquanto nos viciávamos}
"E aquele homem, o que ele tem?
Se não ele, então ele não é nada.
Para dizer palavras que ele realmente sinta;
e não palavras de alguém que se ajoelha."
Paul Anka - My Way, eternizada por Sinatra
Ah! As sutilezas do civismo foram substituídas pelo rigor do moralismo. Poderíamos imaginar uma sociedade na qual a prevenção tivesse sido a arma da boa convivência, mas a discriminação exacerbada parece permanecer como regra essencial da manutenção da comunidade.
(O Último Cigarro - Henri-Pierre Jeudy)
25.7.08
Presença
- tava doente mike?
- n pq ?
- pq faltou sexta.. senti sua falta
- pq ?
- pq o q ?
- pq sentiu minha falta?
- pq vc n tava la
- isso n é motivo
- ah entao se eu faltar ninguem vai sentir minha falta ?
- eu vou Dete, pq vc faz o café, lava minha louça, vem conversar as vezes... eu n faço nada por voce. n tem motivo vc sentir minha falta
- e precisa fazer algo pra sentir falta de alguém ?
- claro que sim
- ta de mal com a vida é ?
- to
- vc n ta bem
- nao
- n pq ?
- pq faltou sexta.. senti sua falta
- pq ?
- pq o q ?
- pq sentiu minha falta?
- pq vc n tava la
- isso n é motivo
- ah entao se eu faltar ninguem vai sentir minha falta ?
- eu vou Dete, pq vc faz o café, lava minha louça, vem conversar as vezes... eu n faço nada por voce. n tem motivo vc sentir minha falta
- e precisa fazer algo pra sentir falta de alguém ?
- claro que sim
- ta de mal com a vida é ?
- to
- vc n ta bem
- nao
1.7.08
Morte e Vida Sertralina VII
Release
Você que já viu quase tudo, agora não se lembra de muito.
Você que já viu muitos dias, agora não os diferencia da noite.
Você que já andou muito por aí, sempre com objetivo, hoje acha que está presa.
E está.Infelizmente.
É triste ver você presa na sua mente, sem controle de situações pequenas.
Eu imagino como é difícil pra você, enfrentar a maior de suas batalhas, sempre mais perto da derrota, muito longe de onde estamos (do nosso lado).
Onde você sempre esteve (do nosso lado), como um pilar poderoso.
Hoje é sua situação que nos acolhe, que nos segura, que nos prende como um laço, o centro (sempre).
Agora você nos mantém de outra forma, como nunca vista antes, como nunca sentida antes.
Não posso mais encarar a tarde, você me oferece libertação, quando se libertar, quando ficar livre de tudo; quando você ir embora, sem alarde, devagar, sozinha; porque a verdade (existe?) é essa: todo mundo é sozinho.
Tudo isso é muito irônico; eu, você e todos nós sozinhos, cada um com sua vida, numa série de acidentes, todos juntos e sozinhos ao mesmo tempo, sendo que no final só restará eu.Nada.
Eu não quero lhe entregar as últimas flores.
Você que já viu quase tudo, agora não se lembra de muito.
Você que já viu muitos dias, agora não os diferencia da noite.
Você que já andou muito por aí, sempre com objetivo, hoje acha que está presa.
E está.Infelizmente.
É triste ver você presa na sua mente, sem controle de situações pequenas.
Eu imagino como é difícil pra você, enfrentar a maior de suas batalhas, sempre mais perto da derrota, muito longe de onde estamos (do nosso lado).
Onde você sempre esteve (do nosso lado), como um pilar poderoso.
Hoje é sua situação que nos acolhe, que nos segura, que nos prende como um laço, o centro (sempre).
Agora você nos mantém de outra forma, como nunca vista antes, como nunca sentida antes.
Não posso mais encarar a tarde, você me oferece libertação, quando se libertar, quando ficar livre de tudo; quando você ir embora, sem alarde, devagar, sozinha; porque a verdade (existe?) é essa: todo mundo é sozinho.
Tudo isso é muito irônico; eu, você e todos nós sozinhos, cada um com sua vida, numa série de acidentes, todos juntos e sozinhos ao mesmo tempo, sendo que no final só restará eu.Nada.
Eu não quero lhe entregar as últimas flores.
12.6.08
Porque eu sou pior que ontem IX
- vc mau humorada é mto engraçada
- pq?
- seu jeitinho
- hm
- sua forma de se expressar
- hehe
- foi um elogio, calma
- brigada heheh
- é que assim como eu não sei receber um elogio, eu tbm n sei elogiar
- e preciso expressar em algo né, engraçado essa manifestação silenciosa q as vezes precisamos fazer
- vou me expressar no banheiro agora
- eheheh
...
- n foi vc quem foi por ultimo né
- nao
- pq se expressaram antes...tinha um toroço lá
- como a vida é ironica e esperta ! sempre um passo a frente
enfim, que bosta
- a vida é uma merda
e ela ta intalada no vaso
No passado o povo oprimido criou o ressentimento.
- pq?
- seu jeitinho
- hm
- sua forma de se expressar
- hehe
- foi um elogio, calma
- brigada heheh
- é que assim como eu não sei receber um elogio, eu tbm n sei elogiar
- e preciso expressar em algo né, engraçado essa manifestação silenciosa q as vezes precisamos fazer
- vou me expressar no banheiro agora
- eheheh
...
- n foi vc quem foi por ultimo né
- nao
- pq se expressaram antes...tinha um toroço lá
- como a vida é ironica e esperta ! sempre um passo a frente
enfim, que bosta
- a vida é uma merda
e ela ta intalada no vaso
No passado o povo oprimido criou o ressentimento.
2.6.08
Sonho Nº 234 do Mike
tive um sonho mto estranho
sonhei q fomos visitar uma tia-avó minha, e ela estava morando sozinha, no meio do nada, bem interior mesmo...tinha alguns cachorros com ela, machucados, etc...e ela ficou contente em nos ver e pediu para gente levar minha vó q é irmã dela até ela, deixar ela com ela pra ela cuidar dela, tomar conta dela...
detalhe: essa minha tia-avó morreu faz um tempinho
e ela até tinha uns gados
ultimamente estou tendo uns sonhos bem reais...ja te disse isso certo ?
q umas 3, 4 vezes seguidas sonhei com o fim do mundo
vc é a unica pessoa q eu converso sobre tudo...qria q fosse pessoalmente
tipo, em todos nós tinhamos que sobreviver, num deles tinha mta agua invadindo a cidade, mas mais real e plausivel que aquele filme impacto profundo, era enchente mesmo, e estavamos num supermercado pegando coisas, e de repente teve um tremor que abriu o mercado no meio
em outro sonho eu n via o fim do mundo, mas sabia...estavamos em casa e eu buscava informações pela internet, radio, etc
fim do mundo entre aspas né, ele estava mudando
e sempre super reais, dava pra sentir sabe
Nossa.... cheguei até a arrepiar
Detesto sonhos deste tipo... fico apavorada.....rs
eles ficam sempre na minha cabeça, fico tentando lembrar dos detalhes e das sensações
sonhei q fomos visitar uma tia-avó minha, e ela estava morando sozinha, no meio do nada, bem interior mesmo...tinha alguns cachorros com ela, machucados, etc...e ela ficou contente em nos ver e pediu para gente levar minha vó q é irmã dela até ela, deixar ela com ela pra ela cuidar dela, tomar conta dela...
detalhe: essa minha tia-avó morreu faz um tempinho
e ela até tinha uns gados
ultimamente estou tendo uns sonhos bem reais...ja te disse isso certo ?
q umas 3, 4 vezes seguidas sonhei com o fim do mundo
vc é a unica pessoa q eu converso sobre tudo...qria q fosse pessoalmente
tipo, em todos nós tinhamos que sobreviver, num deles tinha mta agua invadindo a cidade, mas mais real e plausivel que aquele filme impacto profundo, era enchente mesmo, e estavamos num supermercado pegando coisas, e de repente teve um tremor que abriu o mercado no meio
em outro sonho eu n via o fim do mundo, mas sabia...estavamos em casa e eu buscava informações pela internet, radio, etc
fim do mundo entre aspas né, ele estava mudando
e sempre super reais, dava pra sentir sabe
Nossa.... cheguei até a arrepiar
Detesto sonhos deste tipo... fico apavorada.....rs
eles ficam sempre na minha cabeça, fico tentando lembrar dos detalhes e das sensações
Porque sou pior que ontem VIII
Tia: - Lembra daquele raio-x panorâmica que você tirou ?
Eu: - Aham...
Tia: - Então, a dentista ligou...sua mãe achou melhor não contar...
Eu: - O que aconteceu ?!
Tia: - Então...ela disse que você tem seis dentes a mais, ela vai te explicar direito...Dois até que são normais, mas ela nunca tinha visto seis, e se eles se desenvolverem podem virar um tumor, tem cirurgia pra isso e tudo, ela vai te explicar tudo direito na quarta...
28.5.08
Porque sou pior que ontem VII
Toca a campainha
Vó (com alzheimer): - Cadê a chave ?
Vó (com alzheimer): - Cadê a chave ?
Eu (tomando café): - Tá no bolso da sua calça
(Ela entende: "Tá enfiado na sua calcinha")
Vou ao banheiro; na saída dou de cara com a faxineira
(Ela entende: "Tá enfiado na sua calcinha")
Vou ao banheiro; na saída dou de cara com a faxineira
13.5.08
12.5.08
O Fim do Arco-Íris
Foto por +lyn
Chega uma hora que não dá mais para ouvir certos álbuns, não por enjôo – justamente o contrário – para não se desgastar, um álbum tem que ser deixado de lado, algumas músicas aparecendo as vezes no random do iPod, iTunes ou qualquer player de mp3.
Enfim retirei In Rainbows - um dos melhores álbuns do ano passado e da história da música - do meu iPod.
Desde quando vazou em meados de outubro, a revolução musical de Radiohead vem preenchendo um espaço muito generoso nos meus players.
Foram 7 meses agitados (15 Steps, Bodysnatchers), apaixonantes (House of Cards, All I Need) e inspiradores (4 Minute Warning, Last Flowers to the Hospital) – ouvindo faixas que nasceram clássicas, desde seu lançamento em mp3 quando a banda decidiu que seus ouvintes iriam decidir o preço do álbum, um marco na história fonográfica.
A história de In Rainbows nunca vai terminar.
Ainda teremos clipes, singles, remixes, notícias e possivelmente um show na América do Sul – dedos cruzados.
O que vou colocar no meu iPod no lugar?
Algumas músicas avulsas, já que o efeito In Rainbows – não no seu lado revolucionário, mas sim de “um álbum completo” – já foi preenchido por Third, de Portishead (igualmente agitado, apaixonante, melancólico e inspirador) – um dos melhores de 2008.
5.5.08
22.4.08
Bocas e Olhos
Toco a sua boca, com um dedo toco o contorno da sua boca, vou desenhando essa boca como se estivesse saindo da minha mão, como se pela primeira vez a sua boca se entreabrisse, e basta-me fechar os olhos para desfazer tudo e recomeçar.
Faço nascer, de cada vez, a boca que desejo, a boca que a minha mão escolheu e desenha no seu rosto, e que por um acaso que não procuro compreender coincide exatamente com a sua boca, que sorri debaixo daquela que a minha mão desenha em você.
cortázar ...
obrigado eve
Faço nascer, de cada vez, a boca que desejo, a boca que a minha mão escolheu e desenha no seu rosto, e que por um acaso que não procuro compreender coincide exatamente com a sua boca, que sorri debaixo daquela que a minha mão desenha em você.
cortázar ...
obrigado eve
18.4.08
Porque sou pior que ontem VI
- Quer bala ?
[pega duas]
[pega duas]
- Pega mais ! Tá com vergonha ?
- Não, essa aí gruda nos dentes...
...........................................................
- Olha o dadinhoo !
- Oba !
- Olha o dadinhoo !
- Oba !
16.4.08
Porque sou pior que ontem V
- Ah...meu aniversario é na semana que vem...20 anos! Virgem, com furúnculo, carente, depressivo, com esperanças vagas e céticas...
- Nossa, já passou um ano ?!
4.4.08
Morte e Vida Sertralina VI
A cada dia que passa você está mais longe de mim.
Nossa distância pode ser medida pelo cordão umbilical.
Você ainda está aqui, e eu ali adiante.
Você fala, fala e fala e nada de novo saí dessa boca.
Nem consigo te ouvir.
Só ouço a mudança de tom quando o assunto sou eu.
Sua visão moral me enoja mas eu te amo.
Você finge não me entender.
Por que mente para mim?
Eu sou você.
A cada dia que passa você está mais longe de mim.
A culpa é totalmente sua.
Que não sabe medir tempo e espaço.
Só olha pra baixo, para o seu buraco, enquanto eu estou
lá em cima, numa esperança viva (que queima minhas entranhas)
para que você (um dia) possa estar do meu lado.
Antes que seja tarde demais.Para o nosso bem.
"Que seja feita a vossa vontade" não existe mais - se acostume com isso.
O mundo não é seu, não é meu, não é de ninguém.
Por favor não me culpe pelos seus fracassos, pelas suas tristezas mesquinhas.
Eu tenho as minhas também.
Por favor não me entenda mal, eu te admiro muito.
Se o amor existe, eu te amo.
Mas por favor...apenas pare.e respire (quando foi a última vez?)
A cada dia que passa você está mais longe de mim.
Nossa distância pode ser medida pelo cordão umbilical.
Nossa distância pode ser medida pela corrente que se extende até meus pés.
E começa no seu coração.
"Cada ser é distinto de todos os outros. O seu nascimento, a sua morte, os acontecimentos da sua vida podem apresentar nteresses para os outros, mas só ao próprio, diretamente, interessam. Só ele nasce, só ele morre. Entre um ser e os outros seres, há um abismo.Há uma descontinuidade." Georges Bataille
Nossa distância pode ser medida pelo cordão umbilical.
Você ainda está aqui, e eu ali adiante.
Você fala, fala e fala e nada de novo saí dessa boca.
Nem consigo te ouvir.
Só ouço a mudança de tom quando o assunto sou eu.
Sua visão moral me enoja mas eu te amo.
Você finge não me entender.
Por que mente para mim?
Eu sou você.
A cada dia que passa você está mais longe de mim.
A culpa é totalmente sua.
Que não sabe medir tempo e espaço.
Só olha pra baixo, para o seu buraco, enquanto eu estou
lá em cima, numa esperança viva (que queima minhas entranhas)
para que você (um dia) possa estar do meu lado.
Antes que seja tarde demais.Para o nosso bem.
"Que seja feita a vossa vontade" não existe mais - se acostume com isso.
O mundo não é seu, não é meu, não é de ninguém.
Por favor não me culpe pelos seus fracassos, pelas suas tristezas mesquinhas.
Eu tenho as minhas também.
Por favor não me entenda mal, eu te admiro muito.
Se o amor existe, eu te amo.
Mas por favor...apenas pare.e respire (quando foi a última vez?)
A cada dia que passa você está mais longe de mim.
Nossa distância pode ser medida pelo cordão umbilical.
Nossa distância pode ser medida pela corrente que se extende até meus pés.
E começa no seu coração.
"Cada ser é distinto de todos os outros. O seu nascimento, a sua morte, os acontecimentos da sua vida podem apresentar nteresses para os outros, mas só ao próprio, diretamente, interessam. Só ele nasce, só ele morre. Entre um ser e os outros seres, há um abismo.Há uma descontinuidade." Georges Bataille
29.3.08
Morte e Vida Sertralina Anador V
Diário do Tédio
O que faz você entrar numa sala de bate-papo de encontros num sábado a noite e se deparar
O que faz você entrar numa sala de bate-papo de encontros num sábado a noite e se deparar
com o vergonhoso - e dolorosamente irônico - TENHO ESPERANÇA SP ?
O tédio.
Grana pra sair ? Amigos efusivos ? Família facilitadora ? Não tenho.
O que me resta ?
Web e maratona Bergman.
Onde dormir não adianta, eu moro; onde ouvir música sentado não dá em nada, eu vivo; onde beber escondido não consigo, me deprime; onde 60 gotas de anador não é suficiente, eu supero;
Web e maratona Bergman.
Onde dormir não adianta, eu moro; onde ouvir música sentado não dá em nada, eu vivo; onde beber escondido não consigo, me deprime; onde 60 gotas de anador não é suficiente, eu supero;
onde o tédio reina, eu respiro; onde esperar o inédito me cansa, onde pensar nessa ladainha eu me engano.
com licença.
21.3.08
18.3.08
Big Bang
Poderíamos ficar juntos num outro mundo, numa outra dimensão?
Não só nós dois, mas todos nós.
Quando encosto em alguém, meu corpo parece querer se expandir de extase.Como o começo do universo.Toda a energia acumulada há milhões de anos que numa reação química se transforma para nos consumir, nos levando para o começo onde também tudo termina.Tudo vem a tona, nos trazendo de volta, onde tudo começa e termina.E vai repetindo, sem parar.Até os corpos se separarem e vagarem celestes por aí, até se encontrarem de novo, com novos corpos.
Essa é a sintaxe da solidão terminada e recomeçada.E como era antes?Nada. (se me tocar ficarei aliviado)
Imagino um preto silencioso sem dimensões, profundidades, algo que remeta a eternidade.Inconsciência total.Será assim a morte?Aposto que sim.Se a morte
é a solidão, então já me encontro morto.
Mas eu espero continuamente, como um fantasma, uma lembrança, aguardando que você me ofereça escapatória.
Vou morrer sem ter tido tempo de ser seu e não me conformo com isso.Seu coração (e alma) me ajuda a viver mas ele não está do meu lado.
Você é a carne, eu o vapor sem consolação.
Vazio contínuo até a sua morte, quando poderemos nos tocar e juntos criaremos sóis e poeira estelar.
[Enquanto nessa dimensão, nesse mundo (o hoje e sempre) ficaremos separados (eu, sempre esperando)]
Não só nós dois, mas todos nós.
Quando encosto em alguém, meu corpo parece querer se expandir de extase.Como o começo do universo.Toda a energia acumulada há milhões de anos que numa reação química se transforma para nos consumir, nos levando para o começo onde também tudo termina.Tudo vem a tona, nos trazendo de volta, onde tudo começa e termina.E vai repetindo, sem parar.Até os corpos se separarem e vagarem celestes por aí, até se encontrarem de novo, com novos corpos.
Essa é a sintaxe da solidão terminada e recomeçada.E como era antes?Nada. (se me tocar ficarei aliviado)
Imagino um preto silencioso sem dimensões, profundidades, algo que remeta a eternidade.Inconsciência total.Será assim a morte?Aposto que sim.Se a morte
é a solidão, então já me encontro morto.
Mas eu espero continuamente, como um fantasma, uma lembrança, aguardando que você me ofereça escapatória.
Vou morrer sem ter tido tempo de ser seu e não me conformo com isso.Seu coração (e alma) me ajuda a viver mas ele não está do meu lado.
Você é a carne, eu o vapor sem consolação.
Vazio contínuo até a sua morte, quando poderemos nos tocar e juntos criaremos sóis e poeira estelar.
[Enquanto nessa dimensão, nesse mundo (o hoje e sempre) ficaremos separados (eu, sempre esperando)]
13.3.08
Morte e Vida Sertralina IV
Juntando alguns momentos recentes hoje percebi que estou em depressão.
Abrindo uma terceira conta num banco, quase explodi de indignação, horror pelas pequenas crueldades que me cercam.Podem ser apenas sinapses errantes, mas me sinto paralizado, inerte ao mundo, às pessoas em minha volta.Como sempre fico na defensiva me reservando atrás de um humor ácido e negro, fazendo até algumas pessoas rirem.Rir no trabalho e chorar na terapia.Quero muito gritar, mas para todo lugar que vou, sempre tem álguem para me ouvir.Meu orgulho me sufoca por não pedir ajuda.A única coisa que parece me segurar é o meu trabalho.Felizmente, amo o que faço.Mas eu nunca tenho satisfação.Sempre espero algo novo e maior, algo que traga boas mudanças e me faça esquecer essas lamentações - paixões para me divertir.É incrível como ninguém tem idéia do que se passa na nossa cabeça.Ninguém sabe o que realmente precisamos, o que queremos, de que forma queremos que aconteça.Somos todos subjetivos e mesquinhos.Ninguém vai nos ajudar.Me sinto claustrofóbico, meus olhos ardem de sono junto com as lágrimas secas derramadas a pouco, como se resumisse minha tristeza num suco.Um suco salgado.
It's a blue, bright blue Saturday, hey hey
And the pain has started to slip away, hey
I'm in a backless dress on a pastel ward that's shining
Think I want you still
But it may be pills at work
Do you really wanna know how I was dancing on the floor?
I was trying to phone you when I'm crawling out the door
And there's a tune at things you say that you don't do
Why don't you ring?
I was feeling lonely, feeling blue
Feeling like I needed you
Like I've woken up surrounded by me
A&E
Goldfrapp - A&E
Abrindo uma terceira conta num banco, quase explodi de indignação, horror pelas pequenas crueldades que me cercam.Podem ser apenas sinapses errantes, mas me sinto paralizado, inerte ao mundo, às pessoas em minha volta.Como sempre fico na defensiva me reservando atrás de um humor ácido e negro, fazendo até algumas pessoas rirem.Rir no trabalho e chorar na terapia.Quero muito gritar, mas para todo lugar que vou, sempre tem álguem para me ouvir.Meu orgulho me sufoca por não pedir ajuda.A única coisa que parece me segurar é o meu trabalho.Felizmente, amo o que faço.Mas eu nunca tenho satisfação.Sempre espero algo novo e maior, algo que traga boas mudanças e me faça esquecer essas lamentações - paixões para me divertir.É incrível como ninguém tem idéia do que se passa na nossa cabeça.Ninguém sabe o que realmente precisamos, o que queremos, de que forma queremos que aconteça.Somos todos subjetivos e mesquinhos.Ninguém vai nos ajudar.Me sinto claustrofóbico, meus olhos ardem de sono junto com as lágrimas secas derramadas a pouco, como se resumisse minha tristeza num suco.Um suco salgado.
It's a blue, bright blue Saturday, hey hey
And the pain has started to slip away, hey
I'm in a backless dress on a pastel ward that's shining
Think I want you still
But it may be pills at work
Do you really wanna know how I was dancing on the floor?
I was trying to phone you when I'm crawling out the door
And there's a tune at things you say that you don't do
Why don't you ring?
I was feeling lonely, feeling blue
Feeling like I needed you
Like I've woken up surrounded by me
A&E
Goldfrapp - A&E
12.3.08
Morte e Vida Sertralina III
Não desce.
Simplesmente não desce.
Não vou tentar entender nada, muito menos um porque desse comentário.
Só uma palavra: desnecessário.
Eu, começo de ressaca, não dormi, não fazia nem 4 horas que tinha saído de uma festa (tudo isso problema meu, foram minhas escolhas, minha responsabilidade).
Ela e minha amiga estavam planejando uma viagem para o Rio, e minha amiga deu a idéia de eu ir com elas.
Ela: - Só se for com você.
As pessoas não tem noção de quanto elas machucam os outros, principalmente se você gostar dessa pessoa, porque aí a dor é maior.
E justo ela tão inteligente, decepção.
Não precisava disso, não mesmo.
Pode parecer pequeno, mas o pequeno faz diferença se você sente algo maior que afeto pela pessoa que te despreza.
"Não há nada pior que a sucessão de dias felizes" - isso a cada dia que passa me faz mais sentido.Tatuaria essa frase fácilmente.
Depois desse comentário, me senti como uma doença, algo que ninguém gostaria de ter por perto.
Não desce mesmo tamanha grosseria sem motivo.
A percepção dela que está acabando lentamente comigo depois de me dar carinho, atenção, não existe.
A compreensão de sentimentos também é inexistente.
E isso é triste, pois a cada dia que passa, além de enfrentar a sucessão de dias felizes, acabo por perder mais e mais a admiração dos outros.
Percebo que estou rodeado de pessoas medíocres e que tenho que me afastar mais e mais, sempre destinado a solidão.
Cada dia que passa fico mais parecido com uma ilha - alguns tentando chegar, por causa de um naufrágio, outros tentando sair desesperadamente pois elas mesmo me tornaram vazio.
O que não existe, pois não há nada para ser esvaziado.
Once I wanted to be the greatest
No wind or waterfall could STALL me
And then came the rush of the flood
The stars at night turned DEEP to dust
Melt me down
into big black armour
Leave no trace
Of grace
Just in your honor
Lower me down
TO CULPRIT SOUTH
Make 'EM WASH A SPACE IN TOWN
FOR THE LEAD
AND THE DREGS OF MY BED
I'VE BEEN SLEEPING
Lower me down
PIN ME IN
Secure the grounds
For the later parade
Once I wanted to be the greatest
TWO FISTS OF SOLID ROCK
WITH BRAINS THAT COULD EXPLAIN
Any feeling
Lower me down
PIN ME IN
Secure the grounds
FOR THE LEAD
AND THE DREGS OF MY BED
I'VE BEEN SLEEPING
For the later parade
Once I wanted to be the greatest
No wind or water fall could STALL me
And then came the rush of the flood
The stars at night turned DEEP to dust
Cat Power - The Greatest
Simplesmente não desce.
Não vou tentar entender nada, muito menos um porque desse comentário.
Só uma palavra: desnecessário.
Eu, começo de ressaca, não dormi, não fazia nem 4 horas que tinha saído de uma festa (tudo isso problema meu, foram minhas escolhas, minha responsabilidade).
Ela e minha amiga estavam planejando uma viagem para o Rio, e minha amiga deu a idéia de eu ir com elas.
Ela: - Só se for com você.
As pessoas não tem noção de quanto elas machucam os outros, principalmente se você gostar dessa pessoa, porque aí a dor é maior.
E justo ela tão inteligente, decepção.
Não precisava disso, não mesmo.
Pode parecer pequeno, mas o pequeno faz diferença se você sente algo maior que afeto pela pessoa que te despreza.
"Não há nada pior que a sucessão de dias felizes" - isso a cada dia que passa me faz mais sentido.Tatuaria essa frase fácilmente.
Depois desse comentário, me senti como uma doença, algo que ninguém gostaria de ter por perto.
Não desce mesmo tamanha grosseria sem motivo.
A percepção dela que está acabando lentamente comigo depois de me dar carinho, atenção, não existe.
A compreensão de sentimentos também é inexistente.
E isso é triste, pois a cada dia que passa, além de enfrentar a sucessão de dias felizes, acabo por perder mais e mais a admiração dos outros.
Percebo que estou rodeado de pessoas medíocres e que tenho que me afastar mais e mais, sempre destinado a solidão.
Cada dia que passa fico mais parecido com uma ilha - alguns tentando chegar, por causa de um naufrágio, outros tentando sair desesperadamente pois elas mesmo me tornaram vazio.
O que não existe, pois não há nada para ser esvaziado.
Once I wanted to be the greatest
No wind or waterfall could STALL me
And then came the rush of the flood
The stars at night turned DEEP to dust
Melt me down
into big black armour
Leave no trace
Of grace
Just in your honor
Lower me down
TO CULPRIT SOUTH
Make 'EM WASH A SPACE IN TOWN
FOR THE LEAD
AND THE DREGS OF MY BED
I'VE BEEN SLEEPING
Lower me down
PIN ME IN
Secure the grounds
For the later parade
Once I wanted to be the greatest
TWO FISTS OF SOLID ROCK
WITH BRAINS THAT COULD EXPLAIN
Any feeling
Lower me down
PIN ME IN
Secure the grounds
FOR THE LEAD
AND THE DREGS OF MY BED
I'VE BEEN SLEEPING
For the later parade
Once I wanted to be the greatest
No wind or water fall could STALL me
And then came the rush of the flood
The stars at night turned DEEP to dust
Cat Power - The Greatest
7.3.08
Bob Dylan Tour '08 - São Paulo 06/03/08
Muitos criticaram sua apresentação de ontem (na qual não estive presente).
Pobre coitados.
Gastaram uma nota para ver um senhor de 66 anos com uma voz rouca e decrépita cantando músicas cujas letras, mesmo em inglês, são irreconhecíveis.
Mas não estou aqui para criticar essa classe média alta média óbvia, muito menos criticar a apresentação de Bob Dylan realizada agora há pouco no Via Funchal.
Pontual, Dylan abriu o show com Rainy Day Women 12th & 35 , passando depois para a também clássica Lay, Lady Lay.Mudando quase que por completo os arranjos originais de suas canções mais conhecidas (algumas só reconhecidas através do refrão), Dylan se apresentou intimista, sem papo algum com a platéia (se despediu cordialmente no final), com aquela mesma voz rouca que muitos criticaram.
Aí é que está.
Como no filme "I'm Not There", Bob Dylan não estava lá.
Vou até mais além: ele nunca existiu por inteiro.
Sempre foi repaginado através dos 50 anos compondo músicas que vão desde canções de protestos, rock, passando por baladas românticas cafonas e por último e não menos especial, canções nostálgicas (que fazem parte do irônico Modern Times de 2006), puro blues que deu origem a paixão musical que Robert Allen Zimmerman tem!
Seus primeiros ídolos (Odetta, Woody Guthrie...) foram cantores excepcionais de blues (Elvis ainda não tinha inventado o rock, no qual mais tarde Dylan daria um cérebro - ponto final da contracultura), que tinham vozes marcantes, ora pelos quase latidos de Odetta, ora pela voz nasal e confusa de Guthrie, por exemplo.
Incrível foi ver as raízes do Dylan da década de 60 na voz de um Dylan de 2008.
O cantor fez um show de duas horas, com um bis no final cantando Thunder On The Mountain e a bela Blowin' In The Wind.
Set List
1. Rainy Day Women 12th & 35
2. Lay Lady Lay
3. I'll be Your Baby Tonight
4. Lovesick
5. The Levee's Gonna Break
6. Spirit On The Water
7. A Hard Rain's Gonna Fall
8. Rollin' and Tumblin'
9. Workingman's Blues #2
10. Highway 61 Revisited
11. When The Deal Goes Down
12. Tangled Up In Blue
13. Ain't Talkin'
14. Summer Days
15. Like A Rolling Stone
(bis)
16. Thunder On The Mountain
17. Blowin' In The Wind
Para entender mais, No Direction Home.
Pobre coitados.
Gastaram uma nota para ver um senhor de 66 anos com uma voz rouca e decrépita cantando músicas cujas letras, mesmo em inglês, são irreconhecíveis.
Mas não estou aqui para criticar essa classe média alta média óbvia, muito menos criticar a apresentação de Bob Dylan realizada agora há pouco no Via Funchal.
Pontual, Dylan abriu o show com Rainy Day Women 12th & 35 , passando depois para a também clássica Lay, Lady Lay.Mudando quase que por completo os arranjos originais de suas canções mais conhecidas (algumas só reconhecidas através do refrão), Dylan se apresentou intimista, sem papo algum com a platéia (se despediu cordialmente no final), com aquela mesma voz rouca que muitos criticaram.
Aí é que está.
Como no filme "I'm Not There", Bob Dylan não estava lá.
Vou até mais além: ele nunca existiu por inteiro.
Sempre foi repaginado através dos 50 anos compondo músicas que vão desde canções de protestos, rock, passando por baladas românticas cafonas e por último e não menos especial, canções nostálgicas (que fazem parte do irônico Modern Times de 2006), puro blues que deu origem a paixão musical que Robert Allen Zimmerman tem!
Seus primeiros ídolos (Odetta, Woody Guthrie...) foram cantores excepcionais de blues (Elvis ainda não tinha inventado o rock, no qual mais tarde Dylan daria um cérebro - ponto final da contracultura), que tinham vozes marcantes, ora pelos quase latidos de Odetta, ora pela voz nasal e confusa de Guthrie, por exemplo.
Incrível foi ver as raízes do Dylan da década de 60 na voz de um Dylan de 2008.
O cantor fez um show de duas horas, com um bis no final cantando Thunder On The Mountain e a bela Blowin' In The Wind.
Set List
1. Rainy Day Women 12th & 35
2. Lay Lady Lay
3. I'll be Your Baby Tonight
4. Lovesick
5. The Levee's Gonna Break
6. Spirit On The Water
7. A Hard Rain's Gonna Fall
8. Rollin' and Tumblin'
9. Workingman's Blues #2
10. Highway 61 Revisited
11. When The Deal Goes Down
12. Tangled Up In Blue
13. Ain't Talkin'
14. Summer Days
15. Like A Rolling Stone
(bis)
16. Thunder On The Mountain
17. Blowin' In The Wind
Para entender mais, No Direction Home.
3.3.08
Morte e Vida Sertralina II
A pior coisa é o desconforto. Eu sempre me sinto desconfortável.Pela forma que eu sinto, sento, ou como estou de pé, como estou vestido, onde estou,com quem estou.Sempre insatisfeito,esperando algo inédito que nunca vêem.Me canso.Quando me sinto confortável ? Quando estou deitado, minutos antes de dormir, deitado de costas e encarando o escuro, num ensaio para o caixão - ou naquele minuto seguinte o esporro.Como se sentir mais confortável ? Mais relaxado ? Ou seria mais feliz ?A felicidade é química e tem curta duração.O relaxamento e conseguido através do conforto.Conforto eterno, só estando morto.Mas qual é a graça de estar morto e relaxar e não estar vivo e sentindo todo esse conforto? Poxa, estou vivo agora.E não quero me sentir confortável só quando estou dormindo.Quero conforto ao meu redor.Dinheiro.Dinheiro é uma resposta.Dinheiro traz felicidade sim.Mesmo que química.
...
Sabia que ia me machucar.
...
"... Ela sorriu e desceu com passinhos miúdos e a mão na saia, com aquela lentidão linda e majestosa de mulher, como uma ninféia chinesa.
"Não somos nada."
"Podemos morrer amanhã"
"Não somos nada."
"Você e eu."
Eu acompanho-a educadamente com a lanterna até a rua, onde chamo um táxi branco para levá-la para casa.
Desde tempos imemoriais e adentrando o futuro sem fim, os homens amaram mulheres sem dizer a elas, e o senhor os amou sem dizer, e o vazio não é o vazio porque não há nada para ser esvaziado.
Estás aí, Senhor estrela? - Suave é o chuviscar que perturbou minha calma."
Trecho de Tristessa, de Jack Kerouac
foto por juliantina
...
Sabia que ia me machucar.
...
"... Ela sorriu e desceu com passinhos miúdos e a mão na saia, com aquela lentidão linda e majestosa de mulher, como uma ninféia chinesa.
"Não somos nada."
"Podemos morrer amanhã"
"Não somos nada."
"Você e eu."
Eu acompanho-a educadamente com a lanterna até a rua, onde chamo um táxi branco para levá-la para casa.
Desde tempos imemoriais e adentrando o futuro sem fim, os homens amaram mulheres sem dizer a elas, e o senhor os amou sem dizer, e o vazio não é o vazio porque não há nada para ser esvaziado.
Estás aí, Senhor estrela? - Suave é o chuviscar que perturbou minha calma."
Trecho de Tristessa, de Jack Kerouac
foto por juliantina
28.2.08
Morte e Vida Sertralina I
Precisamos conversar.Assim como eu conversei comigo mesmo.
Só me apaixonei uma vez na vida.E ainda foi platônico.Não digo que foi amor pois não acredito mais nisso.Mas na época foi amor sim.Fiquei muito tempo, muito tempo mesmo sem gostar de alguém de forma especial.A Atração sempre existiu, assim como a vontade.Mas nunca mais conheci alguém tão interessante.Até te conhecer.E você me provoca, me dá carinho e age como se gostasse de mim, e como minha auto estima é baixíssima, acredito que é pura brincadeira sua e tenho medo da rejeição e não pergunto, me aprofundo para saber se é verdade ou não.Eu sempre me controlei a ficar só na atração, na vontade.Sei que se namorassa seria um péssimo amante.Não sei dar carinho.Mas isso não vem ao caso.Não é o que eu quero.
Infelizmente estou começando a gostar de você.Por isso, peço que pare de me provocar, de me dar carinho, abraços e beijos.Vamos continuar amigos, conversaremos, sairemos juntos, beberemos e também ficaremos loucos juntos, mas vou manter uma certa distância porque sou fraco.Sou uma pessoa fraca,me odeio por isso.Uso o humor e a inteligência como muralha, máscara que esconde uma pessoa fraca, decrépita e frágil; emotiva, com sentimentos a flor da pele.
Por isso quero acabar com isso.Não quero me machucar e não mereço tanto carinho por mais inocente que for.
Peço desculpas por quaisquer atitudes e pensamentos errados (existe o certo e o errado?) que eu tive.
Como sou fraco, medroso, covarde e penso demais, acabo por tomar medidas desesperadas que possam parecer idiotas e/ou incompreensíveis.Espero que não acabe aqui a nossa amizade.
Só me apaixonei uma vez na vida.E ainda foi platônico.Não digo que foi amor pois não acredito mais nisso.Mas na época foi amor sim.Fiquei muito tempo, muito tempo mesmo sem gostar de alguém de forma especial.A Atração sempre existiu, assim como a vontade.Mas nunca mais conheci alguém tão interessante.Até te conhecer.E você me provoca, me dá carinho e age como se gostasse de mim, e como minha auto estima é baixíssima, acredito que é pura brincadeira sua e tenho medo da rejeição e não pergunto, me aprofundo para saber se é verdade ou não.Eu sempre me controlei a ficar só na atração, na vontade.Sei que se namorassa seria um péssimo amante.Não sei dar carinho.Mas isso não vem ao caso.Não é o que eu quero.
Infelizmente estou começando a gostar de você.Por isso, peço que pare de me provocar, de me dar carinho, abraços e beijos.Vamos continuar amigos, conversaremos, sairemos juntos, beberemos e também ficaremos loucos juntos, mas vou manter uma certa distância porque sou fraco.Sou uma pessoa fraca,me odeio por isso.Uso o humor e a inteligência como muralha, máscara que esconde uma pessoa fraca, decrépita e frágil; emotiva, com sentimentos a flor da pele.
Por isso quero acabar com isso.Não quero me machucar e não mereço tanto carinho por mais inocente que for.
Peço desculpas por quaisquer atitudes e pensamentos errados (existe o certo e o errado?) que eu tive.
Como sou fraco, medroso, covarde e penso demais, acabo por tomar medidas desesperadas que possam parecer idiotas e/ou incompreensíveis.Espero que não acabe aqui a nossa amizade.
18.2.08
Porque sou pior que ontem IV
11.2.08
21.1.08
Porque sou pior que ontem III
[domingo, 9:43 AM]
Tia[que não mora comigo]: Arnaldo, acorda! Preciso te perguntar algo!
Eu: Ahn ... ?
Tia: Você é gay?
Eu: q?
No passado, o povo oprimido criou o ressentimento.
Tia[que não mora comigo]: Arnaldo, acorda! Preciso te perguntar algo!
Eu: Ahn ... ?
Tia: Você é gay?
Eu: q?
No passado, o povo oprimido criou o ressentimento.
10.1.08
destruir e reparar
Desejo e Reparação, filme que estréia amanhã em sampa , adaptado do romance de Ian McEwan, abre o circuito de estréias de filmes "oscarizáveis" (festa ameaçada pela greve dos roteiristas).E é aí que o filme surpreende, na narrativa.
O filme todo é traduzido na visão de Briony garota aspirante a escritora na aristocracia britânica dos anos 30, que ao contar uma mentira, destrói toda a geração de sua família, principalmente a vida de sua irmã mais velha Cecília (Keira Knightley, madura) e Robbie (James McAvoy), filho da governanta e amante de Cecília, por quem Briony tem uma paixonite, ao interpretar maliciosamente a paixão dos dois.
A desgraça atravessa a Segunda Guerra Mundial e ultrapassa décadas, sempre com a tentativa de Briony de reparar seu erro.
Os diálogos do filme são incríveis (o roteiro é de Christopher Hampton, mesmo roteirista do genial Ligações Perigosas) como na sequência em que a prima de Briony chora desesperada com o divórcio dos pais, e Briony pergunta a ela se quer ouvir algo terrível.
Sorrindo, a prima confirma que sim.Como se dependesse da tragédia dos outros para superar a sua própria.
Quem também não erra é o diretor Jon Wright (do belo Orgulho e Preconceito) que cria uma visão relacionada ao "as aparências enganam" que é onde vive Briony, em seu próprio mundo de peças de teatro, fantasia que se difere da realidade às vezes mais simples do que ela interpreta; direção digna de Orson Welles.
Num final incrível e que torna o filme um dos melhores do ano passado, com a interpretação inacreditável de Vanessa Redgrave, questiona-se se a arte pode reparar uma tragédia ao criar um novo final, dessa vez uma reparação fantasiosa.
O filme todo é traduzido na visão de Briony garota aspirante a escritora na aristocracia britânica dos anos 30, que ao contar uma mentira, destrói toda a geração de sua família, principalmente a vida de sua irmã mais velha Cecília (Keira Knightley, madura) e Robbie (James McAvoy), filho da governanta e amante de Cecília, por quem Briony tem uma paixonite, ao interpretar maliciosamente a paixão dos dois.
A desgraça atravessa a Segunda Guerra Mundial e ultrapassa décadas, sempre com a tentativa de Briony de reparar seu erro.
Os diálogos do filme são incríveis (o roteiro é de Christopher Hampton, mesmo roteirista do genial Ligações Perigosas) como na sequência em que a prima de Briony chora desesperada com o divórcio dos pais, e Briony pergunta a ela se quer ouvir algo terrível.
Sorrindo, a prima confirma que sim.Como se dependesse da tragédia dos outros para superar a sua própria.
Quem também não erra é o diretor Jon Wright (do belo Orgulho e Preconceito) que cria uma visão relacionada ao "as aparências enganam" que é onde vive Briony, em seu próprio mundo de peças de teatro, fantasia que se difere da realidade às vezes mais simples do que ela interpreta; direção digna de Orson Welles.
Num final incrível e que torna o filme um dos melhores do ano passado, com a interpretação inacreditável de Vanessa Redgrave, questiona-se se a arte pode reparar uma tragédia ao criar um novo final, dessa vez uma reparação fantasiosa.
6.1.08
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